quarta-feira, novembro 30, 2005



Fernando Pessoa morreu em Lisboa em 30 de novembro de 1935.
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Andrea Palladio foi um dos mais importantes arquitectos do Maneirismo italiano, um movimento artístico de transição do Renascimento para o Barroco. Estudioso erudito da arquitetura romana procurou recuperar o esplendor da antiguidade, mas foi também influenciado por os seus precedentes imediatos como Bramante, Rafael e Miguel Ângelo. Filho de Piero da Gôndola, nasceu em Pádua em 30 de Novembro de 1508 e teve um início humilde, inscrito na "Associação dos pedreiros, corta-pedra e escultores" de Vicenza. Foi então colocado sob a proteção de Trissino, poeta, filósofo, matemático e arquitecto que o incentivou a estudar matemática, música e literatura latina e lhe deu o pseudónimo de "Palladio" numa alusão a Pallade, deusa da sabedoria. Entre 1545 e 1547 estudou em Roma as ruínas antigas. Regressado a Vicenza ganhou o concurso para a restruturação do palácio da Razão e esteve, a partir daí, ocupado na construção de palácios, villas e igrejas. Projectou diversos palácios e casas de campo em Veneza e Vicenza. A estrutura dos seus edifícios torna-se mais complicada, com o uso de pilares como suporte das janelas e motivos decorativos antigos a ornamentar as fachadas. No interior, arcos e portas sucessivos criam efeitos cénicos. Apesar de utilizar um traçado complexo, com vários corpos salientes em torno de um central, recorreu aos elementos clássicos romanos e conseguiu obras de grande simetria e regularidade geométrica, como Villa Malcontente e Villa Rotonda. Em 1554 publicou "As antiguidades romanas" e "Descrições das igrejas de Roma" e, alguns anos mais tarde, os "Quatro livros de arquitectura". Estas obras teóricas fizeram reviver os seus conceitos arquitectónicos na Inglaterra dos séc. XVII e XVIII, e contribuíram para o aparecimento de um movimento pré-neoclássico que ficou conhecido por Neopaladianismo.
Alfredo Saldanha

terça-feira, novembro 29, 2005




Giacomo Puccini died in 1924

segunda-feira, novembro 28, 2005



Lorenzo Bernini (1598 - 1680) foi um eminente artista barroco. Distinguiu-se como escultor e arquitecto, ainda que tivesse sido também pintor, desenhista, cenógrafo, e até pirotécnico.
Como arquitecto revelou o gosto pela encenação e animação dos espaços. O seu projecto mais conhecido é o da Praça de S. Pedro, em Roma, com forma elíptica, rodeada por uma majestosa colunata.
Ainda como urbanista, mas ao mesmo tempo como escultor, realizou outra obra admirável na Piazza Navona. Trata-se da "Fontana dei Fiumi", onde concretizou o ideal barroco da mistura de várias artes. O conjunto, centrado em torno de um obelisco egípcio, é composto por formas naturais talhadas na rocha e por estátuas alegóricas dos rios Nilo, Ganges, Danúbio e da Prata, representando os quatro maiores continentes.
A sua obra escultórica compreende ainda temas religiosos e mitológicos. Ao primeiro grupo pertencem "Êxtase de S.ta Teresa" e "Beata Ludovica Albertoni". De acordo com as tendências barrocas da época, ambas revelam maior apelo à sensibilidade e emoção do que à razão.



Outra composição berninesca, "Apolo e Dafne", explora um tema retirado da mitologia. Trata-se da ilustração de um trecho das "Metamorfoses" de Ovídeo, um escritor romano que descreve o mito de Dafne, a qual, perseguida por Apolo, lança um grito de medo, ao mesmo tempo que os cabelos se lhe transformam em folhas de loureiro, os braços em ramos e os pés em raízes, enquanto a casca da árvore cresce em torno do corpo da bela ninfa.
De um modo geral, as obras citadas caracterizam-se pela teatralidade dos gestos e atitudes, pela preocupação em sugerir a acção, pela expressão dos sentimentos fortes e violentos e por uma certa sensualidade e erotismo. As vestes amplas e esvoaçantes que envolvem os personagens, criam contrastes violentos de luz e sombra, indo ao encontro do ideal barroco de movimento e dinamismo.
A obra escultórica de Bernini compreende também os túmulos dos papas Urbano VIII e Alexandre VII, na Basílica de S. Pedro. Na mesma basílica, realizou o famoso Baldaquino, colocado sobre o altar principal e debaixo da cúpula de Miguel Ângelo.



Lavrado em bronze e com 29 metros de altura, é composto por quatro enormes colunas torsas ornamentadas com ramos de videira que sustentam um imenso e requintado dossel.
Bernini morreu em Roma em 28 de Novembro de 1680.

Alfredo Saldanha

sexta-feira, novembro 25, 2005




José Maria Eça de Queirós, considerado um dos maiores romancistas portugueses, nasceu em 25 de Novembro de 1845 na cidade de Póvoa de Varzim. Notabilizou-se pela originalidade e riqueza do seu estilo e linguagem, nomeadamente pelo realismo descritivo e pela crítica social constantes nos seus romances.
Fez os primeiros estudos na cidade do Porto e aos 16 matriculou-se na Faculdade de Direito, em Coimbra. Durande o período da formação universitária, sofreu a influência da tendência romântica que vinha dos inícios do séc. XIX e as novas ideias de raiz positivista, tendo ambas contribuído para a sua formação intelectual.
Ainda durante a permanência em Coimbra conheceu e tornou-se amigo de Antero de Quental, Teófilo Braga e dos demais integrantes da chamada "geração de 70", que revolucionou a literatura portuguesa. Após a formatura, fundou o jornal "O Distrito de Évora", com o qual fez oposição política ao governo e colaborou na "Gazeta de Portugal". Os textos desta época, que foram publicados posteriormente com o título "Prosas Bárbaras", reflectem ainda uma
acentuada influência romântica.
Em 1869 fez uma viagem ao Egipto e Palestina tendo, na ocasião, assistido à inauguração do canal de Suez. As impressões dessa viagem forneceram-lhe o ambiente para o romance satírico "A Relíquia".
Alguns anos mais tarde escreveu, de parceria com Ramalho Ortigão, "O Mistério da Estrada de Sintra" e "As Farpas", uma publicação de crítica política e social. A fase realista de Eça inicia-se por volta de 1874 com a publicação de "O Primo Basílio" e "O crime do Padre Amaro", continuada por outras obras como "Os Maias" onde, para além da valorização do concreto e do pormenor, e da análise objectiva da vida quotidiana, faz uma análise crítica da sociedade portuguesa.
A partir de 1888 sente-se uma mudança no estilo do escritor em obras como "A Ilustre Casa de Ramires" e "A Cidade e as Serras", onde é manifesto um certo desencanto face ao mundo moderno e um vago desejo de retorno às origens, à simplicidade da vida rural.
A par do seu percurso como escritor e romancista devem destacar-se as missões que lhe foram confiadas nas várias representações diplomáticas que exerceu em Cuba, Ingaterra e França.
Morreu em Paris, com 55 anos, no derradeiro ano do séc. XIX. Os seus trabalhos foram traduzidos em aproximadamente 20 línguas.

Alfredo Saldanha

quinta-feira, novembro 24, 2005



1487
Elizabeth of York é coroada rainha da Inglaterra

1615
Luis XIII casa com Ana da Áustria

1632
Nasce o filósofo Espinoza

1820
É assinado o Tratado de Benegas, que pos fim à guerra entre Buenos Aires e Santa Fé - Argentina

1836
O compositor Richard Wagner casa com Minna

1845
Charles Baudelaire publica uma crítica a Honoré de Balzac

1859
Charles Darwin publica "A origem das Espécies"

1864
Nasce o pintor frances Henri de Toulouse-Lautrec

1957
morre o pintor mexicano Diego Rivera

1991
morre Freddie Mercury

2002

morre com 81 anos o cientista politico norte-americano John Rawls, autor de “Uma Teoria da Justiça”, obra que abandona os princípios utilitaristas do pós-guerra e retoma a substância do contrato social.

quarta-feira, novembro 23, 2005



Não sei como dizer-te que a minha voz te procura
E a atenção começa a florir, quando sucede a noite
Esplêndida e vasta.
Não sei o que dizer, quando longamente teus pulsos
Se enchem de um brilho precioso
E estremeces como um pensamento chegado. Quando,
Iniciado o campo, o centeio imaturo ondula tocado
Pelo pressentir de um tempo distante,
E na terra crescida os homens entoam a vindima
- eu não sei como dizer-te que cem ideias,
dentro de mim, te procuram.

Quando as folhas da melancolia arrefecem com astros
Ao lado do espaço
E o coração é uma semente inventada
Em seu escuro fundo e em seu turbilhão de um dia,
Tu arrebatas os caminhos da minha solidão
Como se toda a casa ardesse pousada na noite.
- E então não sei o que dizer
junto à taça de pedra do teu tão jovem silêncio.
Quando as crianças acordam nas luas espantadas
que às vezes se despenham no meio do tempo
- não sei como dizer-te que a pureza,
dentro de mim, te procura.

Durante a primavera inteira aprendo
Os trevos, a água sobrenatural, o leve e abstracto
Correr do espaço -
E penso que vou dizer algo cheio de razão,
Mas quando a sombra cai da curva sôfrega
Dos meus lábios, sinto que me faltam
Um girassol, uma pedra, uma ave - qualquer coisa extraordinária.

Porque não sei como dizer-te sem milagres
Que dentro de mim é o sol, o fruto,
a criança, a água, o deus, o leite, a mãe,
o amor,

que te procuram.



Herberto Helder nasceu a 23 de Novembro de 1930

terça-feira, novembro 22, 2005


Aldous Leonard Huxley



Nasceu no dia 26 de Julho de 1894, em Inglaterra. Começou a escrever muito cedo e é autor de uma vasta obra literária.
Em Brave New World, o Admirável Mundo Novo, obra-prima de Huxley, mostra uma sociedade escravizada pela máquina e dominada pela tecnologia, onde as paixões humanas não existem e os seres são gerados em laboratórios e especialmente treinados para desempenhar funções pré-determinadas no meio social programado.
O Admirável Mundo Novo foi escrito em quatro meses em 1931. Nele, Aldous Huxley, dá conta das suas preocupações ideológicas nomeadamente a liberdade individual em contraponto com o autoritarismo do Estado.
Foi amigo intimo de Virgínia Woolf e D.H. Lawrence, com os quais partilhava uma atitude crítica em relação à sociedade da época, denunciando as injustiças e a hipocrisia, e o afastamento do homem em relação aos princípios básicos da sua natureza.
Aldous Leonard Huxley morreu aos 69 anos. Nos anos 50 estudou os efeitos da mescalina e do LSD. Estas experiências são relatadas nos ensaios As Portas da Percepção/Céu e Inferno. As conseqüências da droga sobre a mente humana passaram a constituir um dos temas prediletos do autor a partir de então. O título The Doors of Perception inspirou Jim Morrison na escolha do nome Doors.
Huxley morreu a 22 de novembro de 1963, no mesmo dia em que John F. Kennedy foi assassinado.

segunda-feira, novembro 21, 2005

Columbano Bordalo Pinheiro nasceu em Lisboa em 21 de Novembro de 1857. A sua convivência com telas, pincéis e tintas, verificou-se desde muito novo porque o pai era pintor e escultor e também outros familiares se dedicavam às artes. Quando se matriculou na Academia Real de Belas-Artes, apenas com 14 anos, já trazia consigo uma bagagem de conhecimentos apreciável, tendo feito o curso em quatro anos, em vez dos sete do curriculo.
Em 1881 partiu para Paris, beneficiando de uma bolsa de estudo, custeada secretamente por D. Fernando de Saxe-Coburgo, marido de D. Maria II. Na capital francesa travou conhecimento com Manet, Degas e outros artistas. No ano seguinte apresentou no Salão da Academia o quadro "Soirée chez Lui" que foi bem recebido pela crítica, e que se encontra actualmente exposto no Museu de Arte Contemporânea de Lisboa com o título "Concerto de Amadores".
Regressado a Lisboa, fez parte do Grupo do Leão, uma tertúlia de intelectuais e artistas que se reuniam na Cervejaria do Leão de Ouro. Columbano fez um quadro do grupo, uma das suas telas mais conhecidas, onde aparece rodeado dos companheiros Silva Porto, António Ramalho, José Malhoa, João Vaz, Girão, Henrique Pinto, Rodrigues Vieira, Ribeiro Cristino, Cipriano Martins, seu irmão Rafael Bordalo e o empregado de mesa Manuel Fidalgo.





Ao longo da carreira artística privilegiou o retrato e a pintura decorativa. São dele as pinturas da sala de recepção do Palácio de Belém, os painéis dos "Passos Perdidos" da Assembleia da República e do tecto do Teatro Nacional. Os retratados, intelectuais sobretudo, incluem Oliveira Martins, Ramalho Ortigão, Eça de Queirós, Teófilo Braga e Antero de Quental.
Em 1901 tornou-se professor de pintura da Escola de Belas-Artes de Lisboa, mas, algum tempo depois, abandonava o ensino, incompatibilizado com os alunos, que não se adaptavam à sua maneira de ensinar.
Columbano tinha um temperamento e uma personalidade difíceis nas relações sociais. A sua genialidade como artista não rimava com simpatia humana e, ao longo da vida, foi-se isolando e fechando no seu próprio mundo. Em 1911, foi nomeado pelo novo regime republicano para primeiro director do recém criado Museu de Arte Contemporânea onde se manteve até à reforma. Faleceu em Lisboa em 1929.


Alfredo Saldanha


sexta-feira, novembro 18, 2005


Man Ray, um dos fotógrafos mais importantes do século XX, pintor e realizador morreu em Paris a 18 de Novembro de 1976. Foi o primeiro representante do movimento Dada nos Estados Unidos.


(auto-retrato, sem data)

Nascido em Filadélfia, em 1890, Man Ray (Homem Raio) é o pseudónimo de Emmanuel Rudnitzky. Fortemente ligado ao surrealismo participou nas mais importantes exposições dos movimentos surrealista e dada da 1ª metade do século XX. Começou a sua carreira como pintor, comprou uma câmara para fotografar os seus quadros, inaugurando a arte de combinar a pintura e a fotografia. Fotografou objectos do quotidiano, e na década de 20 tornou-se fotografo, e desenvolveu a técnica da fotografia sem câmara: colocava objectos sobre o papel fotográfico, e daí resultavam imagens a preto e branco, com formas novas e originais, os fotogramas.



An object is a result of looking at something which in itself has no quality or charm. I pick something which in itself has no meaning at all. I disregard completely the aesthetic quality of the object. I'm against craftsmanship. I say the world is full of wonderful crafstmen, but there are very few practical dreamers. In the early days in Paris when I first came over and I passed by a hardware shop and I saw flatiron in the window, I said 'There's an object which is almost invisible, maybe I could do something with that." What could I do is to add something in it that was provocative. So, I got a box of tacks, I glued on a roll of tacks to it to make it useless, as I thought. But nothing is really useless. You can always find uses for even the most extravagant object. (Man Ray)


(Salvador Dali, 1929-30)

Man Ray realizou também inúmeros retratos de personalidades do meio artístico, a natureza, o meio urbano e o mundo da moda. Desenvolveu uma série de técnicas fotográficas e ultrapassou as fronteiras existentes entre as várias disciplinas artísticas, ligando-as de forma inovadora e contrariando as tendências puristas da época.


("Le Violon D´Ingres", 1924 - talvez a fotografia mais famosa de Man Ray)

quinta-feira, novembro 17, 2005

A pintura e, de certo modo, a arquitectura, conheceram mudanças profundas ao longo do séc. XIX, mas o mesmo não aconteceu com a escultura que teve dificuldade em libertar-se da tradição académica. Apesar disso, alguns artistas, procuraram representar os modelos com realismo, para além de lhes acrescentarem uma certa expressividade. O maior de todos estes inovadores foi, sem dúvida, o escultor francês Auguste Rodin (1840-1917).
Em 1875, depois de uma viagem a Florença, modelou a sua primeira grande obra, "A Idade do Bronze", um nu masculino que provocou vivas discussões no Salão da Academia de 1877 e atraiu a atenção do público sobre o autor.
Em 1880 recebeu a primeira encomenda oficial: uma porta em bronze para o Museu de Artes Decorativas de Paris, que denominou "Porta do Inferno", inspirado na Divina Comédia de Dante, e na qual esculpiu mais de duzentas figuras.



Realizou entretanto uma exposição de 168 esculturas, entre as quais "O Beijo" e "O Pensador". A última destas obras, de musculatura acentuada e expressão concentrada, evoca as figuras do túmulo dos Médicis, esculpidas por Miguel Ângelo. O artista florentino marcou de tal forma a arte de Rodin que este chegou mesmo a afirmar: "A minha libertação do academismo foi feita através de Miguel Ângelo". Detecta-se ainda a influência do Buonarroti na "Danaïde", um dos muitos trabalhos onde é perfeitamente notória a técnica do non finito.



À acusação de "não acabar" e de "deformar" as figuras, responde: "No essencial, os meus modelos estão lá representados, mas estariam menos se a obra fosse mais ´acabada´..."
Estas e outras obras valeram-lhe uma enorme fama e numerosas encomendas. Uma delas acabou por gerar viva controvérsia ao ser rejeitada pelos encomendadores. Tratou-se da estátua de "Balzac" que tinha sido encomendada pela Société des Gens de Lettres de Paris, mas que não foi aceite pelo seu aspecto grosseiro e por dar a ideia de estar inacabada.
O alheamento das normas tradicionais pode considerar-se ainda o denominador comum de outras composições como o monumento a "Victor Hugo" e "Les Bourgeois de Calais", um conjunto escultórico composto por seis figuras, com os pés descalços e corda ao pescoço, representando a humanidade sofredora.

Alfredo Saldanha

quarta-feira, novembro 16, 2005




Na ilha por vezes habitada


Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites,
manhãs e madrugadas em que não precisamos de
morrer.
Então sabemos tudo do que foi e será.
O mundo aparece explicado definitivamente e entra
em nós uma grande serenidade, e dizem-se as
palavras que a significam.
Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas
mãos.
Com doçura.
Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a
vontade e os limites.
Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o
sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do
mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos
ossos dela.
Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres
como a água, a pedra e a raiz.
Cada um de nós é por enquanto a vida.
Isso nos baste.

José Saramago


Romancista, poeta e dramaturgo José Saramago nasceu a 16 de Novembro de 1922. dedica-se à literatura desde 1976 depois de ficar desempregado. É o mais internacional dos escritores portugueses, foi Prémio Nobel da Literatura em 1998.

terça-feira, novembro 15, 2005





Émile Durkheim morreu a 15 de Novembro de 1917.

segunda-feira, novembro 14, 2005


Amadeo de Souza-Cardoso (1887-1918) foi um dos mais destacados pintores portugueses do início do modernismo. Nasceu a 14 de Novembro de 1887, em Manhufe (Amarante), e estudou na Academia de Belas Artes de Lisboa. Em 1906 partiu para Paris, o grande centro do vanguardismo artístico. Participou em várias exposições importantes e, em 1912, publicou um album de desenhos, muito elogiados pela crítica, onde é manifesta a influência de Modigliani, com quem conviveu e de quem foi grande amigo. A participação nos Salões parisienses, especialmente no Salão de Outono de 1912, valeu-lhe o convite para a primeira grande exposição de arte moderna nos Estados Unidos, a famosa Armory Show de 1913. Surpreendido com o eclodir da 1ª Guerra Mundial regressou a Manhufe. A correspondência mantida com Robert e Sonya Delaunay, então residentes em Vila do Conde, trouxe-lhe a influência do Orfismo, através dos círculos delaunyanos, que se tornam numa espécie de "alvos" em algumas obras de 1916. No Verão desse ano, primeiro no Porto e depois em Lisboa, teve lugar a única exposição que realizou em Portugal. A do Porto intitulava-se "Abstraccionismo". A de Lisboa abandonava aquele título e apresentava um prefácio-manifesto de Almada Negreiros onde se referia que "Amadeo é o documento conciso da Raça Portuguesa no séc. XX. "Trou de la Serrurre..."(na imagem), uma das obras então expostas, sintetiza as diversas vias de reflexão que o haviam ocupado desde 1915, fundindo, com grande liberdade, os motivos cubistas e as influências da arte popular e do folclore.



Com esta exposição, considerada por Almada como "a primeira descoberta de Portugal na Europa do séc. XX", o modernismo português atingiu o seu ponto mais radical. Souza Cardoso foi, sem dúvida alguma, a figura mais brilhante e representativa da participação portuguesa na renovação artística europeia. Na sua obra podemos identificar grande diversidade de propostas e linguagens estéticas que passam pelo Expressionismo, Simbolismo, Cubismo, Orfismo, Futurismo, Dadaísmo e Abstraccionismo.
Uma epidemia de pneumónica que se abatera sobre a Europa haveria de vitimá-lo, em Outubro de 1918. Por estranho que pareça, a sua obra esteve praticamente ignorada em Portugal até cerca de 1956, altura em que José Augusto França publicou um trabalho sobre a sua vida e obra.

Alfredo Saldanha

sexta-feira, novembro 11, 2005


"Guardando o Rebanho"

O pintor António Carvalho da Silva Porto nasceu a 11 de Novembro de 1850. O apelido "Porto" acrescentou-o por ser natural desta cidade. Fundador do movimento naturalista em Portugal, frequentou o curso de Belas Artes na Academia Portuense, demandando depois Paris e Roma.
Em Paris pertenceu ao grupo dos pintores romântico-naturalistas da Escola de Barbizon. Estes artistas tinham em comum o gosto pela pintura de ar livre, dando especial atenção às mutações luminosas, aspectos que os tornaram precursores do Impressionismo. Regressado a Portugal, em 1879, foi convidado a ensinar na Academia de Belas Artes de Lisboa como mestre de Paisagem. Dois anos mais tarde criou, juntamente com outros amigos, o Grupo do Leão, designação pela qual ficou conhecido um conjunto de artistas e intelectuais que se reuniam periodicamente
na Cervejaria Leão de Ouro, em Lisboa. Deste grupo faziam parte, entre outros, José Malhoa, António Ramalho, Columbano Bordalo Pinheiro e seu irmão Rafael. O legado artístico de Silva Porto encontra-se largamente representado no Museu de Arte Contemporânea, em Lisboa e no Museu Nacional de Soares dos Reis, na sua cidade natal. Compreende paisagens rurais e marinhas, retratos, cenas bucólicas, ambientes populares e aspectos do quotidiano burguês.

Alfredo Saldanha

quinta-feira, novembro 10, 2005




Martinho Lutero, o fundador do Protestantismo, nasceu em Eisleben, na Saxónia, em 10 de Novembro de 1483. Criado no seio de uma família da pequena burguesia, teve uma rígida educação religiosa. Estudou filosofia na Universidade de Erfurt e ingressou na Ordem dos Agostinhos, sendo ordenado sacerdote em 1507. Alguns anos mais tarde doutorou-se em Teologia na Universidade de Wittemberg, onde passou a leccionar.Nesse início do séc. XVI, o panorama da Igreja Católica correspondia muito pouco à doutrina e mensagem do seu fundador: Os papas privilegiavam os assuntos temporais envolviam-se em constantes guerras. Muitos membros do clero eram ignorantes e, no aspecto moral, o exemplo de alguns deixava muito a desejar. A análise crítica dos textos bíblicos, feita por humanistas como Erasmo de Roterdão, permitiu aos cristãos mais esclarecidos constatar o quanto a hierarquia se tinha desviado do espírito das primitivas comunidades. Assim foi nascendo um movimento dos que entendiam ser necessária uma reforma da Igreja. Numa viagem que efectuara a Roma, em 1510, Martinho Lutero ficara
escandalizado com o fausto e a pompa da corte papal, os abusos cometidos pelos mais altos membros da hierarquia, o luxo em que viviam os cardeais romanos, seguidos de numerosos séquitos, e os gastos com a encomenda de obras de arte. À manutenção deste fausto juntava-se agora a enorme despesa que a construção da nova Basílica de S. edro representava. O papa Leão X decidiu, então, publicar a Bula das Indulgências que concedia a remissão dos pecados aos crentes que contribuíssem com as suas economias para a continuação das obras. Quando, em 1517, os emissários papais chegaram à Alemanha para "vender" as bulas, foram confrontados com a reacção a este tráfico de bens espirituais por parte de Lutero. O monge agostinho acabava de afixar na porta da igreja de Wittemberg as "Noventa e Cinco Teses contra as Indulgências". A imprensa,
então nascente, multiplicou em poucas semanas as suas ideias que ganharam numerosos adeptos. Em consequência desta tomada de posição, o papa acabou por excomungar Lutero. O imperador Carlos V convocou-o para comparecer na Dieta de Worms em Abril de 1521, mas, perante a sua recusa em retratar-se, foi banido do Império.
Instalou-se, então, no castelo do eleitor da Saxónia, seu amigo, onde se dedicou à tradução da Bíblia para alemão. O movimento de apoio a Lutero veio dos mais diversos sectores, nomeadamente de alguns príncipes alemães e espalhou-se por amplos sectores da população. Aquilo que tinha começado como um problema pessoal acabou por transformar-se numa ruptura com a Igreja de Roma e originar o aparecimento do primeiro movimento protestante: o Luteranismo.

Alfredo Saldanha

quarta-feira, novembro 09, 2005



Guillaume Apollinaire morreu em paris a 9 de Novembro de 1918



Dylan Thomas morreu neste dia em 1953


DO NOT GO GENTLE INTO THAT GOOD NIGHT

Do not go gentle into that good night,
Old age should burn and rave at close of day;
Rage, rage against the dying of the light.

Though wise men at their end know dark is right,
Because their words had forked no lightning they
Do not go gentle into that good night.

Good men, the last wave by, crying how bright
Their frail deeds might have danced in a green bay,
Rage, rage against the dying of the light.

Wild men who caught and sang the sun in flight,
And learn, too late, they grieved it on its way,
Do not go gentle into that good night.

Grave men, near death, who see with blinding sight
Blind eyes could blaze like meteors and be gay,
Rage, rage against the dying of the light.

And you, my father, there on the sad height,
Curse, bless me now with your fierce tears, I pray.
Do not go gentle into that good night.
Rage, rage against the dying of the light.

Dylan Thomas

terça-feira, novembro 08, 2005



Bram Stoker nasceu a 8 de Novembro de 1847

segunda-feira, novembro 07, 2005


Cecília Meireles nasceu a 7 de novembro de 1901






Mapa de anatomia: o olho


O Olho é uma espécio de globo,
é um pequeno planeta
com pinturas do lado de fora.
Muitas pinturas:
azuis, verdes, amarelas.
É um globobrilhante:
parece cristal,
é como um aquário com plantas
finamente desenhadas: algas, sargaços,
miniaturas marinhas, areias, rochas, naufrágios e peixes de ouro.


Mas por dentro há outras pinturas,
que não se vêem:
umas são imagens do mundo,
outras são invetadas.


O Olho é um teatro por dentro.
E às vezes, sejam atores, sejam cenas,
e às vezes, sejam imagens, sejam ausências,
formam, no Olho, lágrimas.

Cecília Meireles

sexta-feira, novembro 04, 2005


A 4 de Novembro de 1924 morreu o organista e compositor francês Gabriel Fauré.


Page from the autograph manuscript of Fauré's song cycle, La Bonne Chanson (1894).
This song cycle was based on the Paul Verlaine's collection of poems of the same name.

No dia 4 de Novembro de 1948 T. S. Eliot foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura.



Carta de T.S. Eliot a Virginia Woolf.




Neste dia em 1995 morria o filosofo francês Gilles Deleuze.

quinta-feira, novembro 03, 2005




A 3 de Novembro de 1954 morreu Henri Matisse, um dos principais representantes do Fauvisme, um movimento artístico nascido em Paris por volta de 1905. Os ideais da nova estética eram a ruptura em relação à pintura académica tradicional, a simplificação das formas, e um novo conceito de utilização da cor, empregue em tons puros e violentos, como expressão directa da emoção do pintor. Matisse frequentou o Louvre, onde copiou os clássicos e chegou mesmo a expor no Salão oficial da Academia de Belas Artes de Paris, mas a sua verdadeira formação artística teve lugar no atelier de Gustave Moreau. As lições do mestre não incidiam especialmente sobre a aplicação de fórmulas académicas, antes contribuíam para levar o aluno a tomar consciência de si próprio e a orientar-se na descoberta de uma expressão individual. A partir de então, começou a libertar-se da função tradicional e naturalista da cor, à medida que foi descobrindo o seu valor expressivo: "Quando pinto um verde, não significa relva e um azul não quer dizer o céu...". Por outras palavras - e esta foi uma das suas mais surpreendentes conquistas - a cor não tem de concordar obrigatoriamente com os tons reais do objecto, mas deve ser usada pelo seu próprio valor. Passou também a substituir as sombras por cores puras dispostas em largas superfícies, mostrando-se assim póximo do "sintetismo" de Gauguin. Sofreu, de igual modo, a influência de Cézanne na estruturação geométrica de muitas das suas composições, como é o caso de "A Dança", onde também empregou um violento jogo de cores muito contrastadas: as dançarinas, de vermelho, dispostas sobre um chão verde vivo e com um fundo de azul intenso.



Violou, de forma deliberada, outras regras tradicionais da arte.




Em "Grande Interior Vermelho", por exemplo, é notória a ausência do claro-escuro e das leis da perspectiva. Com efeito, não se percebe onde termina o chão e começam as paredes. Numa fase já adiantada da sua vida, serviu-se de uma técnica semelhante à das colagens, fixando sobre o fundo do quadro silhuetas recortadas em papel colorido - os famosos "gouaches découpées".
Alfredo Saldanha

quarta-feira, novembro 02, 2005



No dia 2 de Novembro de 1975, morreu Pier Paolo Pasolini.

terça-feira, novembro 01, 2005


Kozak Collection: Lisbon, Portugal earthquake, Nov. 1, 1755


A 1 de Novembro, Lisboa sofria um Grande Terramoto, que atingiu 8,5 graus na escala Richter

"Nunca se vira manhã mais bela que a de 1.º de novembro de 1755. O Sol brilhava em todo seu esplendor, e o céu estava perfeitamente sereno e claro. Não fora sentido o menor sinal de aviso do grande evento que deveria transformar, em matéria de segundos, a cidade de Lisboa numa cena de horror e desolação gerais. "

Nesse dia de manhã, a terra tremeu. A essa hora os crentes estavam no interior das Igrejas, assistindo à missa do dia de todos os santos. Das 40 principais Igrejas da cidade, 35 ficaram destruídas. Alguns instantes após o terramoto, um tsunami arrasou a parte baixa da cidade. Duas semanas após o terramoto, o cônsul britânico em relatou numa carta enviada para Londres:

"O primeiro abalo começou as 9h45, e, na medida em que pude avaliar, durou seis ou sete minutos, de modo que em um quarto de hora esta grande cidade estava em ruínas. Pouco depois começaram vários incêndios, que queimaram durantes cinco ou seis dias. A força do terremoto parecia estar exatamente sob a cidade. Dizem que ele se descarregou no cais que vai da Casa da Alfândega em direção ao palácio real, que foi totalmente arrasado e desapareceu. Na hora do terremoto as águas do Tejo ergueram-se 20 ou 30 pés".

A récem construída Casa da Ópera foi totalmente consumida pelo fogo. O Palácio Real, situado onde hoje existe o Terreiro do Paço foi destruído pelo terramoto e pelo tsunami. Dentro, a biblioteca de 70 mil volumes e centenas de obras de arte foram perdidas. O Arquivo Real com documentos relativos à exploração oceânica e outros documentos antigos também foram perdidos. O terramoto destruiu ainda as maiores igrejas de Lisboa, as ruínas do Convento do Carmo ainda hoje podem ser visitadas no centro da cidade.
A família real escapou ilesa à catástrofe. O rei D. José I
e a corte tinham deixado a cidade depois de assistir a uma missa ao amanhecer, e encontravam-se em Santa Maria de Belém na altura do terramoto. A ausência do rei na capital deveu-se à vontade das princesas de passar o feriado fora da cidade. Depois da catástrofe, D. José I ganhou uma fobia a recintos fechados e viveu o resto da sua vida num complexo luxuoso de tendas no Alto da Ajuda em Lisboa.

O terramoto de 1755 reflectiu-se em toda a Europa.
Voltaire referiu-se a ele numa das importantes passagens de "Cândido", o optimista que apesar de todas desventuras acredita que tudo vai pelo melhor. Chega Cândido a Lisboa:
“e tão logo puseram o pé na cidade sentem a terra tremer sob seus passos. O mar ergue-se fervilhando sobre o porto e destrói os navios ancorados. Turbilhões de chamas e cinzas cobrem as ruas e as praças públicas, as casas desmoronam, os tetos tombam sobre as fundações e estas desfazem-se. Trinta mil habitantes de todos os sexos e são esmagados sob as ruínas”.
Em 1756 Voltaire escreveu ainda um "Poema Sobre o Desastre de Lisboa", um texto muito útil para a compreensão do pensamento iluminista do século 18. Através dele questiona-SE a bondade infinita de Deus. Aliás, o facto de o terramoto ter ocorrer num feriado religioso e ter destruído várias igrejas importantes, levantou muitas questões religiosas em toda a Europa. Para a mentalidade do século XVIII esta manifestação da ira divina, era de difícil explicação.
Jean Jacques Rousseau contrapõe Voltaire e aponta causas naturais, como justificação para o acontecido.
que “culpa tinha a Providência Divina se os lisboetas decidiram ao longo dos tempos construir vinte mil casas, algumas de seis ou sete andares, e arranjarem-se assim todos amontoados na margem do rio Tejo?”

Lisboa não foi a única cidade portuguesa afectada pela catástrofe. Todo o sul de Portugal, nomeadamente o Algarve.
O Marquês do Pombal foi o responsável pela reconstrução da cidade. A sua resposta competente garantiu-lhe um maior poder e influência perante o rei, que também aproveitou para reforçar o seu poder, e tornar-se ainda mais absolutista.

A partir de hoje, a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento e o jornal Público lançam uma série de quatro livros sobre o terramoto de Lisboa de 1755.