quinta-feira, novembro 03, 2005




A 3 de Novembro de 1954 morreu Henri Matisse, um dos principais representantes do Fauvisme, um movimento artístico nascido em Paris por volta de 1905. Os ideais da nova estética eram a ruptura em relação à pintura académica tradicional, a simplificação das formas, e um novo conceito de utilização da cor, empregue em tons puros e violentos, como expressão directa da emoção do pintor. Matisse frequentou o Louvre, onde copiou os clássicos e chegou mesmo a expor no Salão oficial da Academia de Belas Artes de Paris, mas a sua verdadeira formação artística teve lugar no atelier de Gustave Moreau. As lições do mestre não incidiam especialmente sobre a aplicação de fórmulas académicas, antes contribuíam para levar o aluno a tomar consciência de si próprio e a orientar-se na descoberta de uma expressão individual. A partir de então, começou a libertar-se da função tradicional e naturalista da cor, à medida que foi descobrindo o seu valor expressivo: "Quando pinto um verde, não significa relva e um azul não quer dizer o céu...". Por outras palavras - e esta foi uma das suas mais surpreendentes conquistas - a cor não tem de concordar obrigatoriamente com os tons reais do objecto, mas deve ser usada pelo seu próprio valor. Passou também a substituir as sombras por cores puras dispostas em largas superfícies, mostrando-se assim póximo do "sintetismo" de Gauguin. Sofreu, de igual modo, a influência de Cézanne na estruturação geométrica de muitas das suas composições, como é o caso de "A Dança", onde também empregou um violento jogo de cores muito contrastadas: as dançarinas, de vermelho, dispostas sobre um chão verde vivo e com um fundo de azul intenso.



Violou, de forma deliberada, outras regras tradicionais da arte.




Em "Grande Interior Vermelho", por exemplo, é notória a ausência do claro-escuro e das leis da perspectiva. Com efeito, não se percebe onde termina o chão e começam as paredes. Numa fase já adiantada da sua vida, serviu-se de uma técnica semelhante à das colagens, fixando sobre o fundo do quadro silhuetas recortadas em papel colorido - os famosos "gouaches découpées".
Alfredo Saldanha