quinta-feira, outubro 27, 2005



Desiderius Erasmus Roterodamus, conhecido como Erasmo de Roterdão, foi um dos mais importantes humanistas europeus. Homem culto e cosmopolita, aperfeiçoou o conhecimento do latim e dos escritores da Antiguidade, adquirindo ampla erudição e manteve correspondência com os principais génios da sua época como John Colet, Thomas More, Thomas Linacre e Damião de Góis. Em Inglaterra, hóspede do humanista Thomas More, escreveu a sua obra mais importante, o "Elogio da Loucura", de linha reformista, que é uma crítica à sociedade da época, incluindo a Igreja Católica. Embora cristão, censura a hierarquia dessa instituição que faz demasiadas cerimónias e complicados rituais e até declara guerras, quando o mandamento de Cristo é apenas a prática da caridade. Insurge-se contra as preocupações materialistas do Papa, Bispos e Clérigos e defende um retorno à simplicidade do Evangelho e das primitivas comunidades cristãs.Martinho Lutero tirou partido destas ideias na sua revolta contra o Papa, aquando da Questão das Indulgências, mas, apesar das críticas, Erasmo não aderiu ao Protestantismo e permaneceu ligado à Igreja Católica. No livro "De Libero Arbitrio" chegou mesmo a atacar algumas doutrinas e os excessos dos reformistas. Grandes nomes da era clássica e dos Padres da Igreja foram traduzidos, editados ou comentados por Erasmo, incluindo Santo Ambrósio de Milão, Aristóteles, Cícero, São Basílio, São João Crisóstomo e Santo Agostinho. A popularidade estraordinária dos seus livros fica patente no grande número de edições e traduções que surgiram desde o século XVI, e no interesse permanente que a sua personalidade suscita ainda nos meios cultos de todo o mundo.


Alfredo Saldanha