terça-feira, janeiro 31, 2006



No dia 31 de Janeiro de 1891 teve lugar, no Porto, a primeira tentativa de derrube do regime monárquico e da instauração da República.
Desde há vários anos que a Monarquia Constitucional era contestada por diversos sectores da sociedade portuguesa, mas a cedência do Rei D. Carlos ao ultimato inglês, por causa da questão do mapa cor-de-rosa, despertou na população sentimentos de humilhação e revolta e acentuou o descontentamento generalizado. Foi até criada uma marcha patriótica intitulada "A Portuguesa", futuramente adoptada como Hino Nacional, mas que, na altura, terminava com um verso ligeiramente diferente: "Contra os Bretões marchar, marchar!". Aproveitando esta situação favorável a uma mudança do regime político, o Partido Republicano desencadeou um levantamento militar, na cidade do Porto, que teve o apoio de vários regimentos do exército, mas o 31 de Janeiro foi uma revolta eminentemente popular que, segundo o historiador Joel Serrão, "foi efectivada por sargentos e cabos, enquadrada e apoiada pelo povo anónimo das ruas, mas hostilizada ou minimizada pelos oficiais, pela alta burguesia e até pela maior parte da inteligência portuguesa".

Sem o apoio das forças políticas, nem da generalidade dos militares, os revoltosos acabaram por capitular perante a superioridade das forças fiéis à monarquia. O golpe fracassou, mas esta revolta acabou por lançar a semente que mais tarde iria frutificar em Lisboa, no 5 de Outubro de 1910.



Alfredo Saldanha


segunda-feira, janeiro 30, 2006

A 30 de Janeiro de 1948, Mahatma Ghandi, líder espiritual e dirigente da luta pela independência da Índia, foi assassinado por um fanático hindu. Ghandi nasceu em 2 de Outubro de 1869 em Porbandar, estado de Gujarat, na Índia. Aos 13 anos casou-se com Kasturbai, da mesma idade, numa união previamente acertada entre as famílias dos noivos. Aos 19 foi estudar Direito para a Universidade de Londres e, após a conclusão da licenciatura começou uma bem sucedida carreira de advogado em Durban, na África do Sul.
Um dia, quando viajava de comboio, em primeira classe, exigiram-lhe, que se transferisse para a terceira. A causa foi a cor de pele. Ao recusar a mudança, foi atirado para fora do comboio, um incidente que acabou por determinar a sua participação na luta contra as leis discriminatórias e racistas vigentes na altura. Quando regressou à Índia, que fazia parte do Império Britânico, passou a vestir "khadi", uma indumentária usada pelos mais pobres entre os indianos, e começou a promover o fabrico artesanal dos tecidos. O tear manual, símbolo deste acto de afirmação, viria a ser, mais tarde, incorporado na bandeira indiana.
Esta tomada de posição inseria-se numa estratégia mais vasta: o "swadeshi", ou seja, o boicote a todos os produtos importados, especialmente os produzidos na Inglaterra, constituiu um dos primeiros episódios do movimento em prol da independência da Índia.
Pregando a não-violência como forma de luta, Ghandi incitou os seus compatriotas indianos a resistirem de forma pacífica, a recusarem cargos públicos, a retirarem as crianças das escolas oficiais e organiza uma greve contra o aumento dos impostos. A posição pró-independência ganhou um novo fôlego após o Massacre de Amritsar em 1920, quando os soldados britânicos abriram fogo, matando centenas de indianos que protestavam pacificamente contra as medidas autoritárias do governo e contra a prisão de líderes nacionalistas indianos.
Uma das acções de protesto mais eficientes e espectaculares que promoveu foi a "marcha do sal", iniciada a 12 de Março e terminada a 5 de Abril de 1930. Ghandi conduziu milhares de compatriotas até ao mar, caminhando a pé mais de 320 quilómetros, com o intuito de extrair sal e evitar pagar a taxa prevista sobre o sal comprado.
A 8 de Maio de 1933, Ghandi começou um jejum que duraria 21 dias, em protesto contra "opressão Britânica" e, em Março de 1939, voltaria a jejuar em protesto contra as regras autoritárias e autocráticas dos colonizadores ingleses. Começou então a ganhar notoriedade internacional pela política de desobediência civil e pelo uso do jejum como forma de protesto. Por este motivo foi preso diversas vezes. Durante a II Guerra Mundial, o grito "Quit Índia fez-se ouvir cada vez mais. Ghandi e seus partidários deixaram claro que não apoiariam a causa britânica na guerra a não ser que fosse garantida à Índia independência imediata.
Novamente preso pelas forças britânicas, em Agosto de 1942, foi mantido no cárcere, durante dois anos, em Bombaim. A 15 de Agosto de 1947, viu coroados de êxito os esforços e campanhas de longos e sofridos anos: a Índia é proclamada independente. Porém, no dia da transferência de poder, Ghandi não celebrou com o povo. Apesar dos seus esforços e da influência que detinha sobre as comunidades hindu e muçulmana, não conseguiu evitar o estabelecimento de um Estado muçulmano separado: o Paquistão. Algum tempo depois acabaria por aceitar a divisão do país, mas atraiu o ódio dos nacionalistas hindus e, no dia 30 de Janeiro de 1948, foi assassinado, em Nova Déli, por um hindu radical. Ghandi nunca recebeu o Prémio Nobel da Paz, apesar de ter sido indicado cinco vezes entre 1937 e 1948. No entanto, quando o Dalai Lama foi premiado, em 1989, o presidente do comité organizador do Nobel afirmou que aquele prémio era também "um tributo à memória de Mahatma Ghandi".


Alfredo Saldanha

sexta-feira, janeiro 27, 2006

A 27 de Janeiro de 1901 morreu o compositor romântico italiano Giuseppe Verdi.

quinta-feira, janeiro 26, 2006



1920 – Jeanne Hébuterne, mulher do pintor francês Amadeo Modigliani suicida-se dois dias depois da morte do marido.

quarta-feira, janeiro 25, 2006



Virginia Woolf nasceu em Londres a 25 de Janeiro de 1882


terça-feira, janeiro 24, 2006





Amadeo Modigliani morreu no dia 24 de Janeiro de 1920.
A curta vida deste pintor florentino, de origem judia, foi marcada pela pobreza, pela doença e pelo álcool. Foi um dos muitos artistas que, nas primeiras décadas do século XX, foi viver para Paris. A maior parte dos seus companheiros residia num edifício conhecido por Bateau Lavoir, em Montmartre, onde não havia água nem gás, ou na zona de Montparnasse. Levavam uma vida boémia e despreocupada.
Nos primeiros desenhos de Modigliani é notória a influência da simplificação geométrica de Cézanne, da arte africana e da gravura japonesa muito em voga na capital das artes. A série de retratos que pintou distingue-se pelo rigor do desenho e pela influência cubista.
A partir de 1917 empenhou-se em pintar nus femininos, onde é evidente a influência de Botticelli, Ticiano e outros mestres do Renascimento italiano, mas elaborados num estilo rápido e quase estilizado. "Nu Reclinado" ou "Nu Adormecido com os Braços Abertos", por exemplo, embora académicos na pose e no rigor do desenho, apresentam uma sensualidade, erotismo e naturalidade que nada têm a ver com os nus clássicos. Dedicou-se também à escultura. Muitas das peças que esculpiu, quase todas representando cabeças, revelam afinidades profundas com a Grécia Antiga e as esculturas da Costa do Marfim.

Alfredo Saldanha

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Édouard Manet, um dos mais famosos pintores franceses do séc. XIX, nasceu em 23 de janeiro de 1832.
Apesar de não poder ser considerado um impressionista, pois não adoptou a técnica das pinceladas justapostas, nem baniu da sua paleta os tons escuros, Manet influenciou o aparecimento daquele movimento através do gosto pela pintura de ar livre, da preferência pelas cores claras e de uma temática que evoca a vida moderna parisiense. Ele foi, além disso, uma figura respeitada e um exemplo para a tertúlia do Café Guerbois, constituída por artistas e intelectuais de vanguarda, sobretudo a partir do Salão dos Recusados de 1863. Este salão fora instituído nesse ano pelo imperador Napoleão III e destinava-se aos trabalhos artísticos recusados pelo júri do Salão Oficial para que o público deles tivesse conhecimento e os avaliasse.



Manet expôs um quadro intitulado "Le Déjeuner sur l`Herbe" que retomava o tema do "Concerto Campestre" de Giorgione, mas com uma expressão e uma linguagem totalmente modernas, retratando, numa paisagem, uma mulher nua ao lado de dois jovens vestidos com fatos da época. O quadro escandalizou principalmente pelo tema, considerado escabroso pelo acentuado realismo do nu feminino, tão contrário aos nus clássicos. Além disso, revelava a adesão a uma nova estética assente nos fortes contrastes cromáticos entre os casacos negros dos cavalheiros, as tonalidades branco-rosado da mulher nua e o o enquadramento natural da cena com os vários cambiantes de verdes, brancos e terrosos que formam o enquadramento natural da cena. E foi exactamente este sentido de actualidade e modernidade, que fez do quadro um autêntico manifesto de ruptura com a pintura académica.



Acolhida com igual agressividade foi "Olímpia", onde retratou uma jovem, nua e reclinada na cama. O quadro encontra-se na linha temática tradicional de representação do "nu", tema comum nas exposições dos Salões, mas, ao contrário dos nus tradicionais, frios e idealizados, o de Manet é tão cheio de realismo que a carne parece viva e quente. Além disso, os nus académicos eram impessoais e alegóricos (representavam a Verdade, a Primavera, etc.), enquanto este retrata Victorine Meurand, um modelo profissional bem conhecido. O carácter de inovação dado pelo realismo da cena e pelos contrastes que se estabelecem entre o nu e o xaile bordado, ou entre a brancura dos lençóis e a figura da criada negra que lhe traz um ramo de flores, teriam forçosamente de escandalizar a Academia. Manet dedicou especial atenção à evocação da vida moderna parisiense, revelando o mundo dos bares e dos cafés em obras como "La Serveuse de Bocks" e "Un Bar aux Folies-Bergères". Apesar de ter desempenhado um papel importante na renovação artística do seu tempo, foi uma personalidade com algumas contradições. Primeiro, porque embora tivesse alimentado a chama da contestação ao academismo, nas reuniões do Café Guerbois, acabou por se recusar a expor na 1ª Exposição Impressionista (1874), porque teve receio de ficar mal visto perante o júri do Salão oficial. Depois, porque sendo dos primeiros a usar as cores claras, continuou a manter os tons escuros, os castanhos e os cinzentos, banidos da paleta dos impressionistas.


Alfredo Saldanha

sexta-feira, janeiro 20, 2006



Nascido em 20 de Janeiro de 1815, Jean-François Millet foi um dos principais representantes da pintura realista francesa. O Realismo foi um movimento artístico e cultural que surgiu na Europa nos meados do século XIX, e que pretendeu traduzir, com autenticidade e rigor científico, a realidade física e humana. Protagonistas deste movimento, diversos pensadores e artistas, animados por ideais humanitários, nomeadamente a defesa das classes operárias, foram levados a procurar formas de expressão diferentes das da época romântica.
Millet nasceu no seio de uma família de agricultores normandos, perto de Grenville. Recebeu as primeiras aulas no estúdio dos pintores Dumocel e Chevreville, em Cherbourg. A sua formação continuou em Paris, sob a orientação do pintor Delaroche, tendo-se dedicado a estudar os grandes mestres representados no Louvre, principalmente Giorgione, Miguel Ângelo e Poussin.
O início da carreira de artista foi muito difícil, pintando quadros a pastel para ganhar a vida. Só em 1840 conseguiu expôr pela primeira vez no Salão de Paris. Por essa altura conheceu Theodore Rousseau, Corot, Daumier, Silva Porto e outros artistas que o influenciaram a mudar-se para a pequena aldeia de Barbizon, na floresta de Fontainebleau. Eles tinham em comum o interesse pelo estudo directo da natureza, e tomavam apontamentos ao ar livre, de forma a tornarem a pintura mais real e verdadeira. Além disso preocupavam-se em fazer uma análise objectiva da realidade do homem e da vida quotidiana, procurando, ao mesmo tempo, denunciar a exploração dos oprimidos e das classes sociais mais desfavorecidas, quer do meio rural, quer urbano.





Esse sentido humanista em favor de um dos sectores mais degradados da sociedade, o campesinato, encontra-se, por exemplo em "Les Glaneuses", onde representou o trabalho árduo de três camponesas curvadas, na difícil tarefa da apanha das espigas que restaram da ceifa.





"L' Angelus"
é outra criação repassada de tristeza e nostalgia que revela a realidade do trabalho rural, com duas enormes figuras em contraluz, cujos contornos se dissolvem numa iluminação peculiar. Os tons amarelados e terrosos fazem ressaltar mais ainda o aspecto desolador da planície interminável, e detecta-se igualmente a valorização preferencial da terra em relação à atmosfera, dada por uma linha do horizonte intencionalmente elevada. Com Millet e, de um modo geral, com os realistas, as rígidas convenções académicas e os ideais românticos foram abandonados. A arte passou então a ser encarada como um processo interpretativo da verdade do mundo físico e social. Os conteúdos temáticos passaram a ser a paisagem, os assuntos do quotidiano, nomeadamente as cenas relacionadas com o mundo do trabalho, tipos populares e temas representativos da sociedade.
Alfredo Saldanha

quinta-feira, janeiro 19, 2006


Nascido em Aix-en-Provence, no Sul de França, em 19 de Janeiro de 1839, Paul Cézanne (1839-1906) acabou por demandar Paris, a capital do vanguardismo artístico da época, fez parte do grupo do Café Guerbois. Partilhou com os seus colegas impressionistas a rejeição das regras académicas e o estudo directo da natureza, tendo utilizado as cores claras e adoptado as pinceladas divididas. Mas este período impressionista foi de curta duração. As suas pesquisas levaram-no a novos caminhos que tinham por objectivo conhecer não apenas o aspecto exterior da realidade, ou seja, a sua aparência, mas, através de uma análise profunda, chegar à própria essência dessa mesma realidade. Por outras palavras, substituiu a impressão do momento fugaz por uma análise objectiva e minuciosa do real. Este processo, que exige a intervenção da inteligência, levou-o, não a diluir os contornos, mas a construir a forma e a descobrir a essência dos objectos.Nota-se esta preocupação em várias naturezas-mortas, como "Pommes et Oranges", onde o artista analisa o que vê diante de si com grande cuidado, de maneira a reter apenas os elementos essenciais, rejeitando todo o acessório, e elaborando mentalmente a composição.



Na obra citada, reduziu as maçãs, laranjas e demais objectos a figurações geométricas: os frutos assemelham-se a esferas, pois é a forma circular que ele retém e não os acidentes. Cézanne afirmava que era necessário "tratar a Natureza por meio do cilindro, da esfera e do cone". Na realidade esta descoberta inovadora, de reduzir os objectos a formas geométricas, encontra-se ligada à génese do Cubismo, principalmente nas últimas obras que realizou, como "Les Grandes Baigneuses".



Neste quadro é por demais evidente a organização arquitectónica, quer nas árvores, inclinadas de modo a formarem um grande triângulo, quer nos grupos de mulheres nuas, também organizadas em formações triangulares mais pequenas no interior daquele. A exactidão anatómica revela-se de menor importância em comparação com as exigências da composição e, por isso, as figuras humanas, grosseiras, desproporcionadas e angulosas sugerem formas geométricas, tal como acontece nos frutos das naturezas-mortas. Os dados do real (figuras e natureza) foram submetidos às necessidades da composição, abrindo caminho à total independência da pintura e às grandes aventuras da arte moderna.

Alfredo Saldanha

quarta-feira, janeiro 18, 2006




D. Pedro I nasceu em Coimbra a 8 de Abril de 1320 e morreu em Lisboa a 18 de Janeiro de 1367. Foi o oitavo Rei de Portugal, neto de D. Dinis, o lavrador, filho de D. Afonso IV e da princesa Beatriz de Castela. D. Pedro I sucedeu ao pai em 1367.
Conhecido como Pedro, o Justiceiro, o Cru e o Cruel e ainda como O-Até-ao-Fim-do-Mundo-Apaixonado, devido à relação que teve com Inês de Castro, a aia galega de D. Constança, sua mulher.
D. Afonso IV temendo que a família de Inês de Castro influenciasse o herdeiro da coroa, invocando razões de estado e seguindo o que lhe ditaram os conselheiros, mandou matar Inês, o que provocou a rebelião do infante.
O rei exigiu que D. Pedro não perseguisse os assassinos de Inês de Castro e começou a partilhar com o filho a direcção do Reino de Portugal.
Quando Afonso IV morreu, Pedro perseguiu os assassinos exilados em Castela. Pero Coelho e Álvaro Gonçalves foram entregues à justiça portuguesa. Diogo Lopes Pacheco fugiu para França.
Os dois foram brutalmente executados. A um foi-lhe arrancado o coração pelo peito, e a outro foi-lhe arrancado o coração pelas costas. Pedro ordenou a construção de dois túmulos nas naves laterais do Mosteiro de Alcobaça, onde os amantes repousam lado a lado; este viriam a ser os grandes expoentes da arte tumular medieval portuguesa. Os baixos relevos do túmulo de D. Inês representam cenas da vida de Jesus, da Ressurreição e do Juízo Final. Sobre a tampa está esculpida a sua imagem de corpo inteiro, com uma coroa de Rainha. As esculturas do túmulo de D. Pedro representam cenas da vida dos dois apaixonados desde a chegada de Inês a Portugal. Em 1361 D. Pedro mandou trasladar os restos mortais de D. Inês, do Mosteiro de Santa Clara em Coimbra para o Mosteiro de Alcobaça. Os restos mortais seguiram em cortejo fúnebre acompanhado por nobres, clérigos, burgueses e plebeus. Conta a lenda que D. Pedro forçou os nobres a prestar vassalagem a D. Inês, obrigando-os ao beija mão real sob pena de morte. Como rei, Pedro evitou guerras, aumentou o tesouro do país e exerceu uma justiça exemplar, sem discriminações, julgando de igual modo nobres e plebeus. A D. Pedro I sucedeu o filho D. Fernando e a este o irmão bastardo D. João, Mestre de Avis, filho de Pedro e Teresa Lourenço.

terça-feira, janeiro 17, 2006



A VIDA É SONHO

É certo; então reprimamos
esta fera condição,
esta fúria, esta ambição,
pois pode ser que sonhemos;
e o faremos, pois estamos
em mundo tão singular
que o viver é só sonhar
e a vida ao fim nos imponha
que o homem que vive, sonha
o que é, até despertar.
Sonha o rei que é rei, e segue
com esse engano mandando,
resolvendo e governando.
E os aplausos que recebe,
Vazios, no vento escreve;
e em cinzas a sua sorte
a morte talha de um corte.
E há quem queira reinar
vendo que há de despertar
no negro sonho da morte?
Sonha o rico sua riqueza
que trabalhos lhe oferece;
sonha o pobre que padece
sua miséria e pobreza;
sonha o que o triunfo preza,
sonha o que luta e pretende,
sonha o que agrava e ofende
e no mundo, em conclusão,
todos sonham o que são,
no entanto ninguém entende.
Eu sonho que estou aqui
de correntes carregado
e sonhei que em outro estado
mais lisonjeiro me vi.
Que é a vida? Um frenesi.
Que é a vida? Uma ilusão,
uma sombra, uma ficção;
o maior bem é tristonho,
porque toda a vida é sonho
e os sonhos, sonhos são.


“A vida é sonho”
Pedro Calderón de La Barca (1600-1681)




A 17 de Janeiro de 1600 nasceu o dramaturgo e poeta espanhol Pedro Calderón de la Barca.
Estudou Teologia no Colégio Imperial dos Jesuítas, e posteriormente Humanidades e Direito nas Universidades de Alcalá e Salamanca.
Em 1620 abandonou os estudos e a carreira eclesiástica, foi morar para Madrid e começou a apresentar-se em sessões poéticas. Três anos mais tarde tornou-se líder do grupo de poetas protegidos pelo rei Filipe IV e escreveu Amor, Honra e Poder. Em 1635, com a morte de Lope de Vega, passou a ser considerado “o mestre” dos palcos espanhóis, e tornou-se dramaturgo oficial da corte. Após receber o título de cavaleiro da Ordem de São Tiago, iniciou uma carreira militar, da qual se retirou em 1642. Em 1651 Pedro Calderón de la Barca foi ordenado sacerdote e 12 anos mais tarde nomeado capelão de honra do rei. Fxou-se na corte e começou a dirigir a representação de autos sacramentais e outras peça. Durante os últimos anos de vida apenas escreveu autos e comédias para a corte. Pedro Calderón de la Barca é autor de uma vasta obra que marcou decisivamente a história do teatro em língua castelhana. Escreveu 80 autos sacramentais, 120 comédias religiosas, de costumes, de amor e ciúme e filosóficas e vinte outras peças de diferentes estilos.

segunda-feira, janeiro 16, 2006



A 16 de Janeiro de 1547 Ivan, o Terrível era coroado primeiro Czar da Rússia.

Em 1672 nascia o compositor italiano Francesco Mancini

Em 1745 nascia o botânico espanhol António José Cavanilles

Em 1764 nascia o naturalista inglês Benjamin Meggot Forster

Em 1801 nascia o matemático dinamarquês Thomas Clausen

Em 1845 Karl Marx era obrigado a deixar a França. 10 anos mais tarde, também neste dia, nascia a sua filha Eleanor Marx.

Em 1916 terminava o Primeiro Congresso Feminista de Yucatán

Em 1920 era proibida a venda de bebidas alcoólicas nos Estados Unidos da América.

A 16 de Janeiro de 1956 o islamismo, a religião de Maomé, era adoptado como religião oficial do Egipto.

Em 1974 a Casa Branca considerava Richard Nixon, Presidente dos Estados Unidos da América, implicado no caso Watergate, o que o levou a pedir a demissão, no mesmo dia em que nascia a top model inglesa Kate Moss.

Em 1980 a Grã-Bretanha restabelecia relações diplomáticas com o Chile

A 16 de Janeiro de 1991 começava operação 'Tempestade no Deserto', que o início da Guerra do Golfo Pérsico. Mais de meio milhão de soldados das nações aliadas foram mobilizados para a região. Saddam Hussein retaliou destruindo poços de petróleo no Kuwait. Dois dias depois de começarem os combates em terra, Saddam anunciou a retirada das tropas do Kuwait. Os soldados iraquianos renderam-se e a 27 de fevereiro a guerra terminava. Morreram 293 americanos e cerca de 100 mil iraquianos morreram na guerra.

Em 2004 Michael Jackson declarava-se inocente das acusações de abuso sexual de menores

sexta-feira, janeiro 13, 2006



A 13 de Janeiro de 1882 o compositor alemão Richard Wagner concluía Parsifal, ópera em três actos, com libreto próprio, baseada em Parzifal de Wolfram von Eschenbach e das Lendas do Graal de Chrétien de Troyes. A acção decorre na Idade Média, Monte Salvat, em Espanha, onde vive uma comunidade de cavaleiros do Santo Graal.

quinta-feira, janeiro 12, 2006



Morton Feldman was born in New York on January 12, 1926




Agatha Christie died on January 12, 1976 in Wallingford, Oxforshire


quarta-feira, janeiro 11, 2006


Al Berto nasceu em Coimbra a 11 de Janeiro de 1948





Recado

ouve-me
que o dia te seja limpo e
a cada esquina de luz possas recolher
alimento suficiente para a tua morte

vai até onde ninguém te possa falar
ou reconhecer - vai por esse campo
de crateras extintas - vai por essa porta
de água tão vasta quanto a noite

deixa a árvore das cassiopeias cobrir-te
e as loucas aveias que o ácido enferrujou
erguerem-se na vertigem do voo - deixa
que o outono traga os pássaros e as abelhas
para pernoitarem na doçura
do teu breve coração - ouve-me

que o dia te seja limpo
e para lá da pele constrói o arco de sal
a morada eterna - o mar por onde fugirá
o etéreo visitante desta noite

não esqueças o navio carregado de lumes
de desejos em poeira - não esqueças o ouro
o marfim - os sessenta comprimidos letais
ao pequeno-almoço

Al Berto (1948-1997)

terça-feira, janeiro 10, 2006

O filme Metropolis de Fritz Lang estreou-se em Berlim a 10 de Janeiro de 1927.
É uma das maiores produções do cinema mudo.





Em Metropolis, Fritz Lang demonstra uma preocupação crítica com a mecanização da vida industrial nos grandes centros urbanos, questionando a importância das emoções do ser humano, nomeadamente através da história de amor entre um homem e uma mulher de classes sociais diferentes. O futuro é triste, pessimista, os homens sucumbem aos avanços da tecnologia e tornam-se meros escravos das máquinas.




segunda-feira, janeiro 09, 2006



Noel Scott Engel conhecido como Scott Walker nasceu neste dia em 1943, em Hamilton, nos Estados Unidos. Como Scotty Engel gravou em 1957 "When is a Boy a Man". Quatro anos mais tarde juntou-se aos Dalton Brothers, John Maus e Gary Leeds. Em 1964 passaram a chamar-se Walker Brothers. Scott assumiu os cargos de vocalista e baixista.

Os The Walker Brothers mudaram-se para Inglaterra e tornaram-se tão famosos como os Beatles. Chegaram aos lugares cimeiros do top ten britânico com temas como com uma versão de “Make it Easy on Yourself” e “The Sun Ain’t Gonna Shine Anymore”.
Impressionado com o belga Jacques Brel e com o cinema existencialista de Ingmar Bergman, lançou um primeiro disco a solo, intitulado “Scott Walker”. Seguiram-se Scott 2, Scott 3 e Scott 4, este último contém apenas temas originais de Scott e, e ao contrário dos discos anteriores, foi um fracasso comercial.

Separados em 1967 os Walker Brothers voltaram a juntar-se em 1976 e voltaram também ao 1º lugar do top tem britânico com “No Regrets”.
Depois de 10 anos sem gravar Scott Walker editou em 1984 Climate of Hunter. A sua fobia aos palcos, as raras entrevistas e aparições em público contribuem para fazer de Scott Walker uma figura misteriosa e apaixonante.

Em 1995 gravou “Tilt”, álbum experimental, bizarro e surpreendente. Scott Walker compôs ainda para cinema, foi o responsável pela banda-sonora de Pola X de Leos Carax. Produziu e compôs também um tema para o álbum “Punishing Kiss”, da cantora alemã Ute Lemper. Uma canção de quase doze minutos, repleta de tensão, paranóia, climas soturnos e desespero, cuja letra narra a marcha dos russos sobre a Alemanha. Em 2001 produziu o álbum “We Love Life”, último trabalho de originais dos Pulp.

sexta-feira, janeiro 06, 2006



A 6 de Janeiro de 1854 nasceu a personagem de ficção Sherlock Holmes.
O detective criado pelo médico e escritor britânico Sir Arthur Conan Doyle, apareceu pela primeira vez no conto A Study in Scarlet editado pela revista Beeton's Christmas Annual, no Natal de 1887. Sherlock Holmes ficou famoso por utilizar na resolução dos seus mistérios o método científico e a lógica.
Ao longo das suas histórias Conan Doyle dá-nos informações sobre Sherlock Holmes. De facto em cada conto descobrimos uma nova e inesperada faceta do detective. Tudo o que sabemos dele foi retirado do conjunto dos livros onde Holmes figura.
Sherlock Holmes é um pessoa insolente, mas com ideias correctíssimas num sem número de assuntos. Não demonstra muitos traços de sentimentalismo, preferindo o lado racional.
Segundo Conan Doyle, Sherlock Holmes viveu em Londres, num apartamento na Baker Street, que dividia com o seu amigo e colega Dr. Watson.
Sherlock Holmes é um detective conselheiro. É capaz de resolver todos os problemas sem sair do seu apartamento. A sua especialidade é resolver enigmas singulares, que deixam a polícia desnorteada, usando a sua extrema faculdade de observação e dedução. Para isto contribui a sua cultura geral extensa e variada. Por exemplo, é capaz de identificar a marca de um cigarro pelo cheiro e pela cor das cinzas. Fuma cachimbo e consome cocaína para estimular as faculdades intelectuais ou matar o tédio entre um problema e outro. Denote-se que a cocaína só foi proibida em 1930. Quando se envolvia em algum problema, passava a noite sem dormir e sem comer, o que inquietava o Dr. Watson. Mestre na arte do disfarce, manejava com habilidade a espada e, segundo Watson, daria um bom pugilista.
Sherlock Holmes era filho de um agricultor e de mãe francesa. O irmão mais velho, trabalhava para os Serviços Secretos britânicos, e segundo Holmes era um investigador brilhante, possuidor de um invejável sentido de observação e dedução. O seu grande inimigo também dotado de extraordinárias faculdades intelectuais, era o professor Moriarty. Em 1891, após uma luta feroz, Holmes e Moriarty desapareceram nas cataratas de Reichenbach, na Suiça. Os protestos dos leitores foram de tal forma insistentes, que Conan Doyle foi obrigado a ressuscitar o seu herói e Shrelock Holmes acabou por reaparecer dois anos mais tarde. Aposentou-se em 1910 e foi para Sussex criar abelhas. Segundo Baring-Gould, morreu em 1957 com 103 anos de idade.

(bibliografia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sherlock_Holmes)

quinta-feira, janeiro 05, 2006




Nuno Álvares Pereira morreu no Convento do Carmo a 5 de Janeiro de 1443. É um dos mais conhecidos cavaleiros da história de Portugal.
Aos 13 anos entrou para a corte do rei D. Fernando, e foi escolhido para escudeiro da rainha D. Leonor Teles. Aprendeu com um tio tudo sobre armas e guerras e cedo foi armado cavaleiro. Aos 16 anos casou com D. Leonor de Alvim, um casamento de conveniência.
Com a morte de D. Fernando, Portugal entrou numa crise política, que envolveu vários grupos sociais e que resultou na tomada de poder de uma nova família real. D. Fernando tinha uma única filha, D. Beatriz, que aos 12 anos casara com o rei de Castela, pondo fim a uma série de guerras em que D. Fernando se tinha envolvido, guerras que tinha agravado os problemas do país e provocando o descontentamento popular: gastou-se muito dinheiro, morreram muitos homens, a falta de mão-de-obra agravou-se e os produtos alimentares subiram de preço. Com a morte de D. Fernando deveria ter subido ao trono D. Beatriz, mas o povo recusou-se a aceitar uma rainha mulher de um rei estrangeiro, que poderia dar origem à união dos dois países e em consequência à perda de independência de Portugal.
O descontentamento com a regência de Leonor Teles levou a que fosse planeada a morte do Conde de Ourém, que detinha grande influência sobre a viúva. D. João, o Mestre de Avis, filho ilegítimo de D. Pedro I, meio irmão de D. Fernando, ficou encarregue de cometer o assassinato. Tudo correu como planeado e o povo de Lisboa pediu a D. João que aceitasse ser o "Regedor e Defensor do Reino", portanto passoua dirigir a luta contra D. Beatriz e o rei de Castela. D. João de Castela, aproveitando-se da situação, avançou com os seus exércitos sobre Santarém, retirou a regência a D. Leonor Teles, intitulou-se "Rei de Portugal", e dirigiu-se a Lisboa, cercando a cidade. Muitos burgueses, até aí sem hesitantes, aderiram à causa do Mestre de Avis, ao contrário do clero e da nobreza. Um dos nobres que se aliou ao Mestre foi D. Nuno Álvares Pereira.
Em Março de 1385 foram convocadas Cortes em Coimbra e o Mestre de Avis foi aclamado rei de Portugal, nomeando Nuno Alvares Pereira Condestável do Reino, já que entre 83 e 85 este tinha levado o exército português a alcançar várias vitórias.
Os castelhanos invadiram novamente Portugal. Em Agosto de 1385 deu-se a batalha de Aljubarrota, decisiva no processo da independência de Portugal. Usando a táctica do quadrado, inspirado em Alexandre Magno, Rei da Macedónia, que Álvares Pereira tinha descoberto na leitura de um livro, e aproveitando o facto de os inimigos estarem de frente para o sol, as tropas portuguesas, que contava apenas com 6 mil soldados contra 30 mil castelhanos, chefiadas pelo rei D. João I, Mestre de Avis, e por D. Nuno Álvares Pereira, saíram vitoriosas e puseram o exército inimigo em fuga.
Para assinalar o acontecimento, D. João I mandou construir o mosteiro de Santa Maria da Vitória, conhecido por mosteiro da Batalha, no local onde se travou a batalha de Aljubarrota. D. Nuno Álvares Pereira participou ainda na conquista de Ceuta, em 1415. Durante a sua vida nunca perdeu uma batalha. Depois de ficar viúvo entrou para o Mosteiro do Carmo, por ele fundado, mudando o nome para frade Nuno de Santa Maria. Depois da sua morte, o povo passou a chamá-lo Santo Condestável. Uma das filhas de Nuno Álvares Pereira, Beatriz Pereira Alvim, casou com D. Afonso, um dos filhos do Mestre de Aviz, dando início à Casa de Bragança, uma família que reinou em Portugal e da qual é descendente D. Duarte de Bragança.
Nuno Alvares Pereira foi beatificado a 23 de Janeiro de 1918 pelo Papa Bento XV.

quarta-feira, janeiro 04, 2006


T.S Eliot poeta, dramaturgo e crítico literário morreu no dia 4 de Janeiro de 1965. Nasceu em Saint Louis, nos Estados Unidos.



Publicou o primeiro volume de poesia em 1917 Prufrock and Other Observations, texto satírico e crítico da sociedade burguesa britânica.

Encontramos também a crítica ao passado histórico da Europa em The Wasteland, texto de 1922.

Four Quartets é um extenso poema de natureza filosófica e religiosa, onde Eliot expõe a sua concepção da vida e do mundo.

Em 1948 foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura.

Além de poesia escreveu para teatro The Rock em 1934 e Murder in the Cathedral em 1935, com argumento inspirado na Idade Média. Teve também um papel fundamental como crítico literário, recuperando os autores do teatro elisabetiano e os poetas metafísicos do século XVII.
T. S. Eliot morreu em Londres, em 4 de janeiro de 1965.

Na edição rádio do Agora Aconteceu excertos de "Prufrock", "Wasteland" e "Four Quartets" na voz de T.S. Eliot.

terça-feira, janeiro 03, 2006


A 3 de Janeiro de 1437 morreu de parto Catarina de Valois, filha de Carlos VI, o Louco, princesa de França e rainha consorte de Henrique V de Inglaterra.
Nasceu em Paris em 1401, numa época conturbada da história, altura da guerra dos 100 anos. As negociações de paz entre França e Inglaterra resultaram na assinatura de um tratado, através do qual Carlos VII de França perdeu a coroa a favor do rei inglês. No âmbito dos acordos de paz, Catarina de Valois casou com Henrique V de Inglaterra.
O rei morreu dois anos depois e a rainha perdeu a importância que tinha na corte inglesa. Os nobres viam-na como uma ameaça e fizeram tudo para a afastar do filho Henrique VI.
Proibida por lei de voltar a casar Catarina de Valois teve uma relação amorosa com Owen Tudor, e teve mais quatro filhos. Morreu a 3 de Janeiro de 1437 e está sepultada na Abadia de Westminster em Londres. Apesar de ilegítimos, os filhos foram reconhecidos pelo irmão Henrique VI e adquiriram títulos de nobreza.


A 3 de Janeiro de 1982 nasceu John Ronald Tolkien, autor da saga O Senhor dos Anéis. Em 1521 neste dia o Papa Leão X excomungava Martinho Lutero e em 1962 o Papa João XXIII excomungava Fidel de Castro.


segunda-feira, janeiro 02, 2006


No ano de 711 começou a dominação árabe na península Ibérica. Depois de uma longa e conturbada etapa inicial, os muçulmanos, edificaram uma civilização que se estendeu por dois terços da Península Ibérica, e que terminou no dia 2 de Janeiro de 1492, com a reconquista de Granada, depois de oito anos de guerra entre católicos e árabes. A expulsão dos árabes foi, no entanto, um processo demorado, que só se efectivou em 1609, quando os descendentes de árabes fugiram ou sucumbiram às mãos da Inquisição.



Alhambra


O dia 2 de Janeiro é consagrado à Deusa Suméria Inanna, Rainha do céus e da terra, que não conhecendo nada do submundo viajou até ao reino das sombras para aprender os mistérios da vida, da morte e do renascimento.

A deusa exerce poder sobre o amor, a guerra e a fertilidade e está associada ao planeta Vénus.


The Sacred seal of Innana and Ea-Haya