terça-feira, janeiro 31, 2006



No dia 31 de Janeiro de 1891 teve lugar, no Porto, a primeira tentativa de derrube do regime monárquico e da instauração da República.
Desde há vários anos que a Monarquia Constitucional era contestada por diversos sectores da sociedade portuguesa, mas a cedência do Rei D. Carlos ao ultimato inglês, por causa da questão do mapa cor-de-rosa, despertou na população sentimentos de humilhação e revolta e acentuou o descontentamento generalizado. Foi até criada uma marcha patriótica intitulada "A Portuguesa", futuramente adoptada como Hino Nacional, mas que, na altura, terminava com um verso ligeiramente diferente: "Contra os Bretões marchar, marchar!". Aproveitando esta situação favorável a uma mudança do regime político, o Partido Republicano desencadeou um levantamento militar, na cidade do Porto, que teve o apoio de vários regimentos do exército, mas o 31 de Janeiro foi uma revolta eminentemente popular que, segundo o historiador Joel Serrão, "foi efectivada por sargentos e cabos, enquadrada e apoiada pelo povo anónimo das ruas, mas hostilizada ou minimizada pelos oficiais, pela alta burguesia e até pela maior parte da inteligência portuguesa".

Sem o apoio das forças políticas, nem da generalidade dos militares, os revoltosos acabaram por capitular perante a superioridade das forças fiéis à monarquia. O golpe fracassou, mas esta revolta acabou por lançar a semente que mais tarde iria frutificar em Lisboa, no 5 de Outubro de 1910.



Alfredo Saldanha