sexta-feira, abril 28, 2006



O pintor britânico Francis Bacon morreu no dia 28 de Abril de 1992.


Three Studies for a Crucifixion - 1962

quinta-feira, abril 27, 2006

O compositor francês Olivier Messiaen morreu em Avignon a 27 de Abril de 1992

quarta-feira, abril 26, 2006





Eugène Delacroix (1798-1863), o maior pintor francês do Romantismo, nasceu em Charenton, no dia 26 de abril de 1798, e morreu em Paris no ano de 1863.
Destacou-se pelo uso notável da cor tendo influenciado os pintores impressionistas e também modernistas como Pablo Picasso.
Em 1816, aos 16 anos e órfão de pai, entrou para a Escola de Belas Artes e, oito anos mais tarde, tornava-se célebre com "Les Massacres de Scio". O tema desta obra, relacionada com a guerra da independência dos Gregos contra os Turcos, reflecte os ideais românticos do seu autor dando ênfase ao dramatismo da cena.
O Romantismo foi um movimento anti-racionalista que reagiu contra a disciplina intelectual e contra tudo aquilo que prende o génio pessoal, como sejam regras ou normas, representando, assim, a primeira ruptura na tradição classicista. Para além desta perspectiva de contestação, a mentalidade romântica assumiu a defesa da liberdade, da individualidade e do poder criador de cada um, valorizando, ao mesmo tempo, o mundo dos sentimentos e das emoções.
A sua obra mais conhecida, "La Liberté Guidant le Peuple", comunga desse espírito. Trata-se de uma pintura relacionada com a insurreição parisiense do 28 de Julho de 1830, que constitui uma alegoria à liberdade, valor romântico por excelência, protagonizada pela figura feminina que transporta a bandeira tricolor. O homem da esquerda representa o apoio que o povo deu àquele movimento revolucionário, enquanto o burguês de chapéu alto simboliza a classe mais favorecida por esta mudança política.
O fascínio pelo mundo oriental e por ambientes estranhos, fantásticos e exóticos típicos do Romantismo encontra-se em alguns trabalhos que realizou no Norte de África, nomeadamente em "Femmes d'Alger", uma cena de intimidade que retrata o ambiente exótico do mundo muçulmano.


Alfredo Saldanha


terça-feira, abril 25, 2006




Ella Fitzgerald nasceu no dia 25 de Abril de 1918,

em Newport News, Virginia USA

segunda-feira, abril 24, 2006


O pintor holandês Willem De Kooning (1904-1997) nasceu em 24 de abril de 1904.
Com 26 anos mudou-se para os Estados Unidos onde, juntamente com Jackson Pollock e outros artistas, viria a liderar um movimento artístico que ficou conhecido por Expressionismo Abstracto.Os adeptos da nova tendência utilizavam telas de grandes dimensões, estendidas no chão do atelier, sobre as quais lançavam tintas fortes e agressivas, directamente da bisnaga, comprimindo-a com maior ou menor intensidade, enquanto a mão se movia ao sabor de gestos inspirados. Raramente utilizavam o pincel, servindo-se do que estivesse mais a geito: uma faca, uma ripa de madeira, etc.
A adopção desta, "pintura de acção" permitia a espontaneidade do gesto, directamente ligada aos instintos psíquicos do autor, e substituía a tradicional atenção dada aos aspectos formais. A pintura passava então a funcionar como um meio espontâneo de libertação dos estados de espírito e emoções.
De Kooning deixava escorrer a tinta, de uma lata furada, sobre as telas. Outras vezes lançava borrifos e pingos de vernizes de tons fortes e colocava-as na vertical para permitir que, pela força da gravidade, as tintas criassem "não-formas" imprevisíveis... Também misturava as tintas com gesso ou areia de modo a criar formas relevadas, grumos e crostas, ou usava materiais como o alcatrão, a que juntava cimento, pedaços de madeira queimada, etc. Em todos estes processos, a pintura deixa de obedecer a qualquer preocupação de carácter estético para se tornar, simplesmente, fruto de um impulso ou de uma vitalidade desenfreada, graças aos quais a mão, o braço e todo o corpo do artista se libertavam da vontade e da mente. Este "automatismo gestual", dominado por impulsos inconscientes é, no fundo, uma herança surrealista enquanto a redução do quadro aos elementos mínimos da estrutura material e compositiva comunga do ideal abstraccionista de uma pintura sem objecto.
Alfredo Saldanha


sexta-feira, abril 21, 2006



Hilda Hilst nasceu no dia 21 de Abril de 1930.
Figura polémica da literatura brasileira, escreveu uma série de romances, peças de teatro e livros de poesia e durante a sua longa carreira foi várias vezes. Na década de 90 disse adeus à chamada literatura série e começou a dedicar-se à escrita pornográfica, como uma tentativa de vender mais e assim conquistar o reconhecimento do público. A obra provocou "espanto e indignação".
Hilda Hilst morreu a 4 de fevereiro de 2004.

quinta-feira, abril 20, 2006



A 20 de Abril de 1874 foi apresentada pela primeira vez em Berlin, na Almanhã, a ópera Aida de Giuseppe Verdi.
Esta ópera em quatro actos foi composta por Verdi a pedido do vice-rei do Egipto, para em comemorar a abertura do canal de Suez.
A ópera não ficou pronta a tempo da inauguração do canal, e só se estreou dois anos depois, em 24 de dezembro de 1871, no Teatro de Ópera do Cairo. Aída é uma história de amor entre o líder do exército egípcio, Radamés e a bela princesa etíope Aída. É um excerto desta monumental peça de Giuseppe Verdi que vamos escutar na edição de hoje do Agora Aconteceu.

quarta-feira, abril 19, 2006



"Pogrom" de Lisboa
19 de Abril de 1506



"No mosteiro de São Domingos existe uma capela, chamada de Jesus, e nela há um Crucifixo, em que foi então visto um sinal, a que deram foros de milagre, embora os que se encontravam na igreja julgassem o contrário. Destes, um Cristão-novo (julgou ver, somente), uma candeia acesa ao lado da imagem de Jesus. Ouvindo isto, alguns homens de baixa condição arrastaram-no pelos cabelos, para fora da igreja, e mataram-no e queimaram logo o corpo no Rossio.
Ao alvoroço acudiu muito povo a quem um frade dirigiu uma pregação incitando contra os Cristãos-novos, após o que saíram dois frades do mosteiro com um crucifixo nas mãos e gritando: "Heresia! Heresia!" Isto impressionou grande multidão de gente estrangeira, marinheiros de naus vindos da Holanda, Zelândia, Alemanha e outras paragens. Juntos mais de quinhentos, começaram a matar os Cristãos-novos que encontravam pelas ruas, e os corpos, mortos ou meio-vivos, queimavam-nos em fogueiras que acendiam na ribeira (do Tejo) e no Rossio. Na tarefa ajudavam-nos escravos e moços portugueses que, com grande diligência, acarretavam lenha e outros materiais para acender o fogo. E, nesse Domingo de Pascoela, mataram mais de quinhentas pessoas.
A esta turba de maus homens e de frades que, sem temor de Deus, andavam pelas ruas concitando o povo a tamanha crueldade, juntaram-se mais de mil homens (de Lisboa) da qualidade (social) dos (marinheiros estrangeiros), os quais, na Segunda-feira, continuaram esta maldade com maior crueza. E, por já nas ruas não acharem Cristãos-novos, foram assaltar as casas onde viviam e arrastavam-nos para as ruas, com os filhos, mulheres e filhas, e lançavam-nos de mistura, vivos e mortos, nas fogueiras, sem piedade. E era tamanha a crueldade que até executavam os meninos e (as próprias) crianças de berço, fendendo-os em pedaços ou esborrachando-os de arremesso contra as paredes. E não esqueciam de lhes saquear as casas e de roubar todo o ouro, prata e enxovais que achavam. E chegou-se a tal dissolução que (até) das (próprias) igrejas arrancavam homens, mulheres, moços e moças inocentes, despegando-os dos Sacrários, e das imagens de Nosso Senhor, de Nossa Senhora e de outros santos, a que o medo da morte os havia abraçado, e dali os arrancavam, matando-os e queimando-os fanaticamente sem temor de Deus.
Nesta (Segunda-feira), pereceram mais de mil almas, sem que, na cidade, alguém ousasse resistir, pois havia nela pouca gente visto que por causa da peste, estavam fora os mais honrados. E se os alcaides e outras justiças queriam acudir a tamanho mal, achavam tanta resistência que eram forçados a recolher-se para lhes não acontecer o mesmo que aos Cristãos-novos.
Havia, entre os portugueses encarniçados neste tão feio e inumano negócio, alguns que, pelo ódio e malquerença a Cristãos, para se vingarem deles, davam a entender aos estrangeiros que eram Cristãos-novos, e nas ruas ou em suas (próprias) casas os iam assaltar e os maltratavam, sem que se pudesse pôr cobro a semelhante desventura.
Na Terça-feira, estes danados homens prosseguiram em sua maldade, mas não tanto como nos dias anteriores; já não achavam quem matar, pois todos os Cristãos-novos, escapados desta fúria, foram postos a salvo por pessoas honradas e piedosas, (contudo) sem poderem evitar que perecessem mais de mil e novecentas criaturas.
Na tarde daquele dia, acudiram à cidade o Regedor Aires da Silva e o Governador Dom Álvaro de Castro, com a gente que puderam juntar, mas (tudo) já estava quase acabado. Deram a notícia a el-Rei, na vila de Avis, (o qual) logo enviou o Prior do Crato e Dom Diogo Lopo, Barão de Alvito, com poderes especiais para castigarem os culpados. Muitos deles foram presos e enforcados por justiça, principalmente os portugueses, porque os estrangeiros, com os roubos e despojo, acolheram-se às suas naus e seguiram nelas cada qual o seu destino. (Quanto) aos dois frades, que andaram com o Crucifixo pela cidade, tiraram-lhes as ordens e, por sentença, foram queimados."


Damião de Góis, in «Crónica de D. Manuel I», capítulo CII da Parte I.


terça-feira, abril 18, 2006



Lucrécia Borgia nasceu a 18 de Abril de 1519.






Filha do Papa Alexandre VI e irmã do temível César Bórgia, de Lucrécia diz-se que era a mulher mais bela de toda a Roma. Também é conhecida como "filha e mulher" do pai e amante do irmão. Ambos cultivaram uma paixão por ela doentia.
A história deu-lhe o estatuto de cruel envenenadora. Supõe-se que assassinou muita gente e que guardava um veneno mortal dentro de um anel.
Em 1501 o papa Alexandre VI escandalizou a Europa ao escolher Lucrezia para o substituir no Vaticano durante uma viagem. Um acto inédito na história do papado, que provocou a ira do Colégio dos Cardeais. Foi protetora das artes, letras e ciências, reunindo na corte as mais brilhantes figuras do Renascimento. Lucrezia Borgia casou três vezes. Os dois primeiros maridos foram assassinados. Depois de casar com o poderoso duque de Ferrara, Afonso d´Este, as obras sociais tornaram-se para ela uma prioridade. Deixou as festas e começou a fazer visitas regulares a orfanatos, hospícios e conventos. Teve vários filhos e diz-se que era uma mãe muito dedicada. Morreu de parto e foi sepultada no convento de Corpus Domini, em Ferrara, na Itália, trajando um hábito de freira. Tinha 39 anos.


segunda-feira, abril 17, 2006


Konstantinos Kaváfis nasceu em Alexandria, no Egipto no dia 17 de Abril de 1863. Trabalhou durante 30 anos na Bolsa de Valores Egípcia, e viveu na cidade natal até à morte, em 1933. A edição da sua primeira colectânea de poemas data de 1935. Foi um dos mais originais e influentes poetas gregos do século XX, mas a sua poesia foi pouco valorizada na época.

sexta-feira, abril 14, 2006



1924 - Morre Louis Sullivan

Na segunda metade do séc. XIX, a cidade americana de Chicago tornou-se um importante centro de renovação arquitectónica que ficou conhecido por "Escola de Chicago". Para tal foram determinantes a introdução de novos materiais e técnicas que possibilitaram a construção dos primeiros arranha-céus.
A personalidade que melhor simboliza esta inovação arquitectónica é Louis Sullivan (1856-1924), justamente considerado como o primeiro "funcionalista" moderno. A independência em relação ao passado, a utilização dos meios tecnológicos de ponta, o verticalismo e a funcionalidade, são algumas das características da sua arquitectura.
Buscando a relação perfeita entre a forma de construir, a industrialização e o crescimento urbano, recorreu à inovação técnica e construtiva (utilização dos novos materiais, colocação de elevadores nos edifícios, construção em altura, homogeneidade das janelas, etc.) e criou novas tipologias aliadas a um espírito verdadeiramente prático e utilitário.
Em 1889 construiu o Auditorium Building de Chicago, o mais alto edifício da cidade, e talvez a obra-prima da Escola de Chicago, pelas soluções técnicas utilizadas. Os Armazéns Carson, também da sua autoria, primam pela ausência de elementos decorativos supérfluos e pelas características janelas horizontais e paralelas.
O espírito funcionalista da Escola de Chicago viria a ser retomado na Europa, alguns anos mais tarde, através da acção de arquitectos como Peter Beherens, Gropius, Mies van der Rohe e, sobretudo, Le Corbusier.

Alfredo Saldanha

quinta-feira, abril 13, 2006



Assinala-se hoje o centenário do nascimento
do escritor irlandês Samuel Beckett

quarta-feira, abril 12, 2006



Robert Delaunay, nascido em Paris em 12 de Abril de1885, foi o inventor do Cubismo Órfico ou Orfismo.
Pertenceu ao famoso "Grupo de Puteaux" do qual também faziam parte Metzinger, Gleizes, Picabia e os irmãos Duchamp, dissidentes do grupo cubista de Montmartre, formado em volta de Picasso.
Um dos temas mais intensamente discutidos na oficina de Puteaux foi o da teoria cromática de Georges Seurat acerca do "contraste simultâneo e complementaridade das cores", e a apresentação teórica do "círculo cromático" proposto por Sérusier e baseado na transmutação das cores espectrais da luz solar. Esta teoria do círculo cromático acabaria por ser posteriormente desenvolvida por Robert Delaunay e sua mulher, Sonia Delaunay, resultando daí a criação do "Orfismo" ou "Cubismo Órfico".
Robert Delaunay tinha chegado ao Cubismo com um gosto pela cor que lhe vinha do Fauvisme, usando tons primários e contrastes complementares. O seu percurso para o Orfismo partiu da fórmula cubista de desintegração e desarticulação das formas. Utilizou então como temas predilectos a igreja gótica de Saint-Séverin e a Torre Eiffel, em cujas representações as cores do prisma se decompõem e se difundem no espaço, fragmentadas sob a acção dissolvente da luz ("La Tour Eiffel Rouge").
Encerrada esta fase, que designou por "período destrutivo", passou a adoptar uma técnica essencialmente cromática, tendo inventado a tendência órfica, concretizada num quadro de 1912 intitulado "Formas Circulares Cósmicas", onde os círculos concêntricos estão divididos em sectores que correspondem a diferentes harmonias de cor e conseguem criar a ideia de um dinamismo circular rotativo. Este interesse pela captação do dinamismo da cor conduzirá aos primeiros exemplos da abstracção geométrica.
Delaunay repetiu a concepção de Cézanne, segundo a qual a modelação tradicional da forma deve ser substituída pela força da cor. E, inspirado nas teorias da harmonia enunciadas por Seurat, reparou que quando se junta, por exemplo, o vermelho com o verde, o observador é atraído para um amarelo-forte a partir da harmonia complementar das duas primeiras cores, obrigando o olhar a um movimento circular permanente. Esse dinamismo visual está bem patente nos famosos "Ritmos sem Fim" e em "Formas circulares" que representam círculos concêntricos sem qualquer traçado linear, mas apenas pela justaposição de zonas coloridas, sendo o espaço definido pelas diferentes tonalidades das cores.
Nascido ao mesmo tempo que o Cubismo Sintético, o Orfismo pode ser interpretado como uma reacção ao Cubismo Analítico. Mas ele é, sobretudo, o movimento pioneiro da Abstracção Geométrica, na medida em que apresenta as primeiras pinturas não figurativas.

Alfredo Saldanha

terça-feira, abril 11, 2006



1977
Morre o escritor francês Jacques Prevert

segunda-feira, abril 10, 2006



Emiliano Zapata Salazar, líder da revolução mexicana de 1910 contra a ditadura de Porfírio Díaz, morreu a 10 de Abril 1919. Zapata é um dos heróis nacionais mexicanos, inspirador do movimento zapatista.

O exército zapatista de libertação nacional é um grupo guerrilheiro formado basicamente por indígenas. Luta, não pela tomada de poder, mas pela a transformação social do seu povo e pela a libertação dos povos oprimidos de todo o mundo, sufocados pela pequena parcela da população mundial capitalista.


Neste dia em 1912 o navio transatlântico Titanic da British White Star saiu do porto de Southampton, em Inglaterra, com destino a Nova Iorque. O navio viria a afundar-se 5 dias depois, ao colidir com um iceberg.

sexta-feira, abril 07, 2006





Almada Negreiros (1893-1970) nasceu em 7 de Abril de 1893.Pintor, desenhador, dramaturgo, poeta, romancista, investigador e historiador da arte, foi um dos maiores impulsionadores do Primeiro Modernismo Português, na 2ª década do séc. XX, e um extraordinário animador da vida intelectual e artística portuguesa durante cinquenta anos. Figurou no Salão dos Humoristas e foi importante colaborador do Orpheu e do Portugal Futurista. Participou na I Conferência Futurista com o "Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do séc. XX" e redigiu o famoso "Manifesto Anti-Dantas", ridicularizando o academismo, A dimensão do seu génio como pintor está patente no "Auto-Retrato num Grupo" executado para o café "A Brasileira do Chiado", em meados dos anos 20, onde se auto-representou com alguns amigos, um deles lendo, ele olhando para uma figura. A "Segunda Geração" teve nele o expoente mais vivo, ousado e genial, não se exprimindo apenas através das artes e do desenho, mas também pela palavra dita e escrita. O seu livro "Nome de Guerra" constitui, sem dúvida, o primeiro romance português da época moderna.Colaborou na Exposição do Mundo Português de 1940, com a mostra "Trinta Anos de Desenho", e veio a confirmar as suas qualidades de grande mestre, um pouco mais tarde, aquando da realização dos frescos para as gares marítimas de Lisboa. Na de Alcântara (1945) pintou diversas composições relacionadas com a Lisboa ribeirinha, a Nau Catrineta e D. Fuas Roupinho, utilizando um género artístico precursor do neo-realismo. Para a gare da Rocha do Conde de Óbidos (1949) inventou uma poderosa metáfora da vida da cidade, com varinas, casais de namorados e despedidas de emigrantes, desta vez num estilo que se aproxima da prática cubista.Em 1954 pintou o famoso "Retrato de Fernando Pessoa", caracterizando, de forma admirável, a personalidade do poeta, solitário, à mesa do café, mergulhado nos seus pensamentos.A sua obra pictórica é alicerçada num sentido rigoroso do desenho, aspecto em que revelou enorme talento. A diversidade de estilos que se pode observar no conjunto dos trabalhos que realizou é bem elucidativa da sua capacidade de invenção.


Alfredo Saldanha

quinta-feira, abril 06, 2006






Rafaello Sanzio (1483-1520), um dos maiores e mais influentes pintores da Renascença Italiana, nasceu em 6 de Abril de 1483. Quando tinha 11 anos, seu pai mandou-o estudar com Perugino, um importante pintor de Perugia. Em 1504, Rafael fixou residência em Florença, onde estudou as pinturas do grande mestre Leonardo da Vinci. De carácter suave, cheio de bonomia e fácilmente sociável, tornou-se muito popular entre os seus contemporâneos. A sua arte acabou por reflectir esse temperamento sereno, principalmente na série das madonas, representações da Virgem, humanaa e amáveis, de um colorido fresco e claro, tendo em fundo uma paisagem também clara e calma. Uma das mais populares composições deste tipo é a "Madona do Pintassilgo" que, além das características acima expostas, ilustra a teoria da forma piramidal, típica da arte renascentista: o pintor agrupou as figuras sob a configuração de um triângulo, tendo a cabeça da Virgem por vértice, enquanto os lados são estabelecidos pelos seus braços e a base é formada pelos pés das figuras em linha recta. Este esquema cria na composição um efeito de estabilidade e reforça a segurança e o aspecto tranquilo das personagens.Em 1508, o papa Júlio II convidou-o para trabalhar na decoração dos seus aposentos privados, as famosas Stanze Vaticane. Trata-se de três salas cujas paredes foram decoradas com pinturas que representam a Filosofia, a Teologia, a Poesia e o Direito e que mostram a arte renascentista no seu auge, combinando beleza, serenidade e equilíbrio em perfeita harmonia. O mais famoso destes afrescos é a "Escola de Atenas", onde são representados, num fundo arquitectónico inspirado em Bramante, os expoentes máximos da filosofia grega e do saber humano: Sócrates, Platão, Aristóteles, Sócrates, Pitágoras, Arquimedes, etc.É de realçar a forma como o autor dispôs todas estas figuras, numa espécie de ferradura, de tal modo que o olhar do espectador é como que obrigado a dar a volta ao grupo, e a maneira extraordinária como soube exprimir o espaço a três dimensões. A simetria do conjunto ajuda, por outro lado, a criar a sensação de calma em que decorre a acção. Esta tranquilidade e clareza, próprias da arte clássica, são igualmente características da escola romana do Renascimento, mas estão longe do carácter dramático de alguns dos seus representantes como, por exemplo, Miguel Ângelo. Há outro aspecto da produção pictórica de Rafael que, só por si, lhe daria foros de artista excepcional: os retratos. O pintor executou uma galeria de pessoas representativas da Itália, especialmente da Roma do seu tempo, de uma precisão plástica e valorização psicológica quase insuperáveis como "Baltazar de Castiglione", " Júlio II " e "Leão X" .Rafael foi o primeiro artista a tornar-se amigo de príncipes e cardeais. Faleceu em Roma com apenas 37 anos e foi sepultado no Panteão de Roma por ordem do Papa Leão X.

Alfredo Saldanha