sexta-feira, abril 07, 2006





Almada Negreiros (1893-1970) nasceu em 7 de Abril de 1893.Pintor, desenhador, dramaturgo, poeta, romancista, investigador e historiador da arte, foi um dos maiores impulsionadores do Primeiro Modernismo Português, na 2ª década do séc. XX, e um extraordinário animador da vida intelectual e artística portuguesa durante cinquenta anos. Figurou no Salão dos Humoristas e foi importante colaborador do Orpheu e do Portugal Futurista. Participou na I Conferência Futurista com o "Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do séc. XX" e redigiu o famoso "Manifesto Anti-Dantas", ridicularizando o academismo, A dimensão do seu génio como pintor está patente no "Auto-Retrato num Grupo" executado para o café "A Brasileira do Chiado", em meados dos anos 20, onde se auto-representou com alguns amigos, um deles lendo, ele olhando para uma figura. A "Segunda Geração" teve nele o expoente mais vivo, ousado e genial, não se exprimindo apenas através das artes e do desenho, mas também pela palavra dita e escrita. O seu livro "Nome de Guerra" constitui, sem dúvida, o primeiro romance português da época moderna.Colaborou na Exposição do Mundo Português de 1940, com a mostra "Trinta Anos de Desenho", e veio a confirmar as suas qualidades de grande mestre, um pouco mais tarde, aquando da realização dos frescos para as gares marítimas de Lisboa. Na de Alcântara (1945) pintou diversas composições relacionadas com a Lisboa ribeirinha, a Nau Catrineta e D. Fuas Roupinho, utilizando um género artístico precursor do neo-realismo. Para a gare da Rocha do Conde de Óbidos (1949) inventou uma poderosa metáfora da vida da cidade, com varinas, casais de namorados e despedidas de emigrantes, desta vez num estilo que se aproxima da prática cubista.Em 1954 pintou o famoso "Retrato de Fernando Pessoa", caracterizando, de forma admirável, a personalidade do poeta, solitário, à mesa do café, mergulhado nos seus pensamentos.A sua obra pictórica é alicerçada num sentido rigoroso do desenho, aspecto em que revelou enorme talento. A diversidade de estilos que se pode observar no conjunto dos trabalhos que realizou é bem elucidativa da sua capacidade de invenção.


Alfredo Saldanha