quarta-feira, fevereiro 22, 2006



A figura de Andy Warhol (1928-1987) é, certamente, uma das mais representativas da Pop Art, um movimento artístico que teve especial expressão nos Estados Unidos, nas décadas de 50 e 60 do séc. XX. Ao transformar-se no verdadeiro espelho da cultura norte-americana do pós-guerra, na medida em que estava intimamente ligada a uma civilização de abundância e consumismo, a nova tendência teve uma aceitação rápida e espectacular. Andy Warhol socorreu-se dos objectos vulgares da sociedade contemporânea, tais como bens de consumo, figuras de banda desenhada ou imagens de gente famosa da música, da política e do espectáculo, elevando-os à categoria de objectos artísticos. Recorreu a imagens de jornais e revistas e a fotografias dos seus ídolos do cinema (Liz Taylor ou Marilyn Monroe), do rock and roll (Elvis Presley), ou de nomes famosos do mundo da política (Kennedy ou Che Guevara), ampliando-as e repetindo-as através da serigrafia. Com este processo, obtinha variações de cor e mancha que proporcionavam imagens sempre diferentes, embora, no fundo, invariáveis. Também utilizou a fotografia, o spray, a banda desenhada, ou o desenho comercial e pintou actualidades da imprensa, especialmente as relacionadas com desastres e acidentes violentos, explorando a atracção mórbida do público pelas tragédias, de modo a chamar a atenção para o efeito anestesiante que os media exercem sobre a sociedade. Numa reacção à crescente mentalidade consumista, elegeu como tema de muitas das suas obras os objectos vulgares do quotidiano da classe média norte-americana, tais como frigoríficos, latas de conserva (ex: Campbell's soup), cachorros quentes, garrafas de Coca-cola, etc.) ou, muito simplesmente, como afirmava, "as imagens que qualquer pessoa que caminhe pela Broadway conseguirá reconhecer numa fracção de segundo - vinhetas de banda desenhada, calças para homem, celebridades, cortinas de casa de banho, frigoríficos, garrafas de Coca-Cola - enfim, coisas da vida moderna". A actividade de Andy Warhol não se restringiu às artes plásticas. Criou um estúdio de cinema onde, juntamente com os seus colaboradores, produziu mais de 500 filmes, geralmente sem estrutura nem guião. Foi ainda manager do célebre grupo musical The Velvet Underground e criou a Interview, uma revista sobre cinema que rapidamente se transformou em revista de sociedade retratando a vida de celebridades suas amigas como Mick Jagger, Truman Capote, etc. O impacto de Andy Warhol na História da Arte do séc. XX tornou-se incontestável ao redefinir o conceito de objecto artístico, e ao elevar o simples utensílio do quotidiano à categoria de obra de arte. Morreu em Nova Iorque, em 22 de Fevereiro de 1987.

Alfredo Saldanha