segunda-feira, fevereiro 20, 2006



Honoré Daumier é um dos mais conhecidos pintores realistas franceses, nasceu em Marselha em 20 de Fevereiro de 1808.
O Realismo foi um movimento artístico e cultural surgido na Europa nos meados do século XIX, e pretendeu traduzir, com autenticidade e rigor científico, a realidade física e humana. Foram protagonistas deste movimento diversos pensadores e artistas, animados por ideais humanitários, nomeadamente a defesa das classes operárias, que os procuraram formas de expressão diferentes das da época romântica.
Em 1822, Daumier iniciou seus estudos de arte, em Paris, com o artista e arqueólogo Alexandre Lenoir mas, pouco tempo depois, os problemas financeiros da família, obrigaram-no a procurar um trabalho. Nas horas vagas desenhava no Museu do Louvre. Por volta de 1826, aprendeu litografia e trabalhou para uma pequena editora.
O relacionamento com Theodore Rousseau, Corot, Millet, Silva Porto e outros artistas que o influenciaram a estudar a natureza e a pintar ao ar livre, levou-o a frequentar Barbizon, na floresta de Fontainebleau. No entanto, o interesse pela paisagem viria a ser suplantado pelo da humanidade que lhe inspirou a maior parte das obras pictóricas e também de escultura. Escolheu a litografia como principal meio de expressão, por a considerar mais expressiva, tendo retratado diversos tipos humanos e temas sociais e publicado na imprensa diária inúmeras caricaturas e desenhos satíricos que tinham como objectivo fundamental a denúncia da exploração das classes mais desfavorecidas.
Daumier possuía a capacidade de representar de uma forma perfeita a essência dos seus personagens não só na plástica como nos gestos. Tecnicamente, esta obra é caracterizada pelo aspecto difuso e pouco nítido das figuras recortadas num fundo, também ele impreciso, apenas esboçado, onde a luz desempenha um papel importante no tratamento dos volumes, através do recurso aos tons sombrios e ao claro-escuro.
A denúncia do autoritarismo, da hipocrisia, da violência e das desigualdades, valeu-lhe muitas vezes a repressão por parte dos poderes instituídos e até mesmo a passagem pela prisão.


Alfredo Saldanha