segunda-feira, fevereiro 13, 2006


Benvenuto Cellini nasceu em Firenze, Itália, no ano de 1500. Figura enigmática e controversa do Renascentismo, distinguiu-se como ourives e talentoso escultor. A sua vida foi cheia de aventuras, brigas e perseguições da polícia, migrando entre Firenze, Bolonha, Ferrara, Mântua, Roma e Nápoles.
Aos 16 anos, após participar num duelo na cidade natal, foge para Roma, onde consegue a protecção do papa Clemente VII. Durante o cerco desta cidade, pelo condestável de Bourbon, refugia-se no Castelo de Sant'Angelo, com outros defensores do papa, e bate-se valorosamente. Viaja por Mântua e Florença e volta a Roma. Executa então vários trabalhos de ourivesaria: medalhões em ouro com cenas da mitologia grega, moedas e jóias para a corte papal e para vários nobres romanos. Continua a envolver-se em duelos e escândalos. O novo papa Paulo III tira-o de apuros dando-lhe um salvo-conduto mas, pouco depois manda-o prender como suspeito do roubo de parte do tesouro papal durante o assalto ao Castelo de Sant'Angelo. Em 1540 consegue a liberdade, por influência de Francisco I de França, que o convida para a sua corte. Cria então o famoso Saleiro de ouro com esmaltes, peça de grande beleza, considerado a obra-prima da joalharia renascentista e a Ninfa de Fontainebleau, uma escultura de técnica refinadíssima, onde representou Neptuno com o tridente e Anfitrite sentada sobre um coxim com a flor de lis. Cinco anos mais tarde regressa a Florença, a convite do príncipe Cosme de Médicis, para quem realiza algumas esculturas em metal. A mais famosa, "Perseu com a Cabeça de Medusa", representa o personagem da mitologia clássica ostentando, como um troféu, a cabeça recém-cortada da Medusa, que jaz a seus pés. De grande dificuldade de fundição, este trabalho em bronze é considerado um dos mais significativos do período maneirista. O pedestal, com estatuetas e baixos-relevos, é uma autêntica jóia, reveladora do seu génio de ourives e cinzelador. Mas a extraordinária fama que acompanhou a vida de Cellini prende-se também com as obras literárias que deixou, nomeadamente tratados de Ourivesaria e Escultura e as Memórias, onde narra, com certo cinismo e ostentação, as suas aventuras, velhacarias e, até mesmo, os seus crimes.
Benvenuto Cellini morreu na sua cidade natal em 13 de Fevereiro de 1571.

Alfredo Saldanha