quinta-feira, dezembro 29, 2005


Jacques Louis David (l748-l828) foi um dos pintores mais representativos do Neoclassicismo em França. Adepto incondicional dos ideais iluministas, acabou por desempenhar o papel de pintor oficial da Revolução Francesa. No "Juramento dos Horácios" (na imagem), por exemplo, torna-se evidente o papel determinante que a sua arte teve no processo revolucionário, na medida em que foi utilizada para educar o povo e lhe incutir valores morais.




Para este quadro, pintado poucos anos antes da Revolução, Jacques Louis David escolheu um episódio da história romana, narrado por Tito Lívio, através do qual procura exortar os seus concidadãos a jurarem fidelidade aos valores éticos (disciplina, sacrifício e recusa do luxo), com o objectivo de derrubarem o Antigo Regime, à semelhança dos irmãos romanos Horácios que decidiram sacrificar as suas vidas em favor da pátria.

Incumbido de organizar a Academia de Belas-Artes de Paris, promulgou, em 1795, um código artístico, que devia reger a arte pictórica daquela instituição, de acordo com os seguintes princípios fundamentais: os temas, deviam ser nobres, inspirados na história ou na mitologia clássica, excluindo-se a inspiração na Natureza e a representação de assuntos triviais. No aspecto formal e técnico, atribuía importância primordial ao desenho e um papel secundário à cor.



Qualquer um destes aspectos encontra-se patente no “Rapto das Sabinas" (na imagem), uma tela que relata outro momento da história da Roma Antiga e que encerra uma alusão política evidente para os contemporâneos: o apelo à reconciliação de todas as classes sociais, após os conturbados momentos vividos durante a Revolução.
Na vertente plástica, típica do neoclassicismo, o cromatismo foi desvalorizado em favor do traçado do desenho, tão perfeito e com tal nitidez de contornos, que as figuras parecem estáticas e paradas no tempo. No começo da Revolução, David esteve ligado ao grupo extremista dos Jacobinos de Robespierre. Foi eleito para a Convenção Nacional em 1792, a tempo de votar a execução de Luís XVI. Mais tarde, com a destituição e morte de Robespierre, foi preso.
Quando Napoleão Bonaparte tomou o poder, apercebeu-se de que poderia utilizar o talento de David em benefício próprio e encomendou-lhe uma série de quadros, com o intuito de realçar a sua figura como Imperador dos Franceses. Por seu lado, David viu em Napoleão o único homem capaz de salvar a França, sem trair os princípios revolucionários em que acreditava.




A “Coroação de Napoleão” e "Bonaparte Atravessando os Alpes”, por exemplo, demonstram o seu entusiasmo pela figura do imperador.
Com a queda de Bonaparte, e a restauração das Dinastia dos Bourbons, David foi exilado para Bruxelas, e deixou praticamente de pintar. Morreu em 29 de
Dezembro de 1825.
Alfredo Saldanha