sexta-feira, dezembro 02, 2005



A 2 de Dezembro de 1944 morreu Tommaso Marinetti, autor do “Manifesto Futurista” publicado em 20 de Fevereiro de 1909, no jornal parisiense Le Fígaro.



O Futurismo foi um movimento de origem italiana que procurou construir uma nova estética, de acordo com a civilização industrial, urbana e de massas do início do séc. XX, envolvendo todos os planos da experiência: da arte à política, dos costumes à moral, baseando-se numa concepção da existência que remete, em certos aspectos, para o pensamento de Bergson e de Nietzche.
Orientando-se decididamente para o futuro, negava todo o passado e as tradições.
A primeira forma de expressão foi a literatura, especialmente a poesia, onde o útil, o prático ou os assuntos relacionados com o movimento e a velocidade acabaram por substituir os motivos tradicionais de inspiração lírica. Só depois se estendeu à pintura, escultura, arquitectura e até à música.
No manifesto acima referido, Marinetti afirmava a necessidade de libertar a Itália da "sua fétida gangrena de professores, arqueólogos, cicerones e antiquários" valorizando as "grandes multidões agitadas pelo trabalho, pelo prazer ou pela revolta..., a máquina vitoriosa..., as locomotivas e voo dos aeroplanos... e as vibrações nocturnas...". Mais especificamente anunciava o nascimento de uma "beleza nova", a "beleza da velocidade e da máquina", exaltando, por isso, a agitação, o movimento, o ritmo veloz da cidade e o dinamismo da era industrial.
Nutrindo uma admiração fervorosa pela vida moderna, propunha a aniquilação dos sinais do passado, a rejeição total do Academismo e de qualquer forma de tradição: "Que se destruam museus e bibliotecas... Um automóvel é mais belo que uma estátua grega... Um arranha-céus tem mais valor que a Catedral de Chartres...". Na sua rebelião contra os museus, que o século XIX tinha fundado e aberto ao público, expressa a ideia de que a arte colocada nesses locais é totalmente inútil.
Marinetti contou com o apoio incondicional de jovens artistas italianos como Boccioni, Carrà, Balla, Severini e Sant'Elia. Também eles, cheios de entusiasmo revolucionário, redigiram os seus próprios manifestos que viriam a lançar as bases da arte futurista.
O verdadeiro desafio para os futuristas foi encontrar um estilo que não tivesse nada em comum com as formas de arte tradicionais. A maior parte dos seus quadros apresentam planos fragmentados e cores expandidas, nos quais as formas se repetem, amontoando-se umas sobre as outras, para transmitir uma sensação de movimento contínuo.
Marinetti defendeu a intervenção italiana na 1ª Guerra Mundial. Em 1924 tornou-se activo militante fascista, chegando a afirmar que essa ideologia representava uma extensão natural das ideias futuristas.

Alfredo Saldanha