quinta-feira, dezembro 01, 2005


A 1 de dezembro de 1455 morreu Lorenzo Ghiberti

Escultor do Quattrocento italiano, Lorenzo Ghiberti (1378-1455) nasceu em Pelago, Itália, por volta de 1378. Formado na oficina do ourives florentino Bartolo di Michele, abandonou Florença para trabalhar em Pesaro, como pintor de Sigismondo Malatesta. Regressou, entretanto, à cidade dos Médicis para se candidatar à execução de duas portas para o Batistério San Giovanni que se encontra defronte da Catedral de Santa Maria dei Fiore. Tinha na altura pouco mais de 20 anos, mas acabou por ser o escolhido num grupo de sete artistas, entre os quais se contavam escultores famosos como Donatello, Jacopo della Quercia e Brunelleschi.
A mais famosa destas obras ficou conhecida por Porta do Paraíso.





Trata-se de uma porta em bronze dourado, dividida em dez painéis quadrangulares onde estão gravados, em baixo-relevo, vários temas bíblicos como o Sacrifício de Isaac,
David e Golias, Salomão e a Rainha de Sabá, a história de Isaú e Jacob, etc. Alguns destes quadros documentam diferentes acontecimentos em simultâneo, de maneira a desenvolver uma história.





As figuras apresentam um realismo e um rigor anatómico surpreendentes, mas é também notável a elaboração dos fundos das dez composições. Os elementos arquitectónicos são desenhados em perspectiva e, quando não existem, o autor serve-se das rochas, árvores e arbustos para aumentar o efeito pictórico. As bandas em volta dos painéis e os umbrais estão gravados com grinaldas de flores toscanas, esquilos, pássaros e outros animais cheios de vivacidade. Algumas das folhas parecem moldadas ao natural, tal é a riqueza de pormenores, ilustrando de forma clara a valorização da Natureza, um dos aspectos mais típicos do Renascimento.
Ghiberti, que demorou cerca de um quarto de século a executar esta obra, escreveu nos seus “Comentários” que se esforçou por “imitar a Natureza até ao extremo”. E diz, a propósito dos painéis: “Observando as leis da óptica, cheguei a dar-lhes tal aparência da realidade que, às vezes, vistas as figuras de longe, parecem de vulto redondo. Considerando os diferentes planos, fiz maiores as figuras mais próximas, enquanto as mais distantes diminuem de tamanho à vista, tal como sucede com a observação do natural” . Ao referir-se a esta porta Miguel Ângelo fez o seguinte comentário: “Elle son tanto belle che starebben alle porte del Paradiso...”.

Alfredo Saldanha