terça-feira, setembro 26, 2006



Em 26 de Setembro de 1791, nasceu em Rouen (França) o pintor Theodore Géricault (1791-1824). Com cinco anos de idade mudou-se com a família para Paris onde frequentou o liceu, tendo revelado desde muito cedo o gosto pela pintura. Os seus primeiros trabalhos mostram influência do artista pré-romântico Antoine Gros e de Carle Vernet que o iniciou na pintura de temas equestres.
Depois de uma viagem a Itália onde se interessou pela pintura dos artistas do Renascimento, regressou a Paris e iniciou a preparação daquela que viria a ser a sua obra mais famosa: a "Jangada do Medusa" (na imagem).


Trata-se de um quadro a óleo de grandes dimensões, inspirado no naufrágio do navio Medusa, em 1816, acontecimento trágico que provocou numerosas vítimas e um escândalo político em França.
O pintor retratou o momento em que, numa jangada improvisada, os sobreviventes do naufrágio avistam um navio e manifestam a sua alegria na esperança de serem salvos. Apesar de não ter sido bem aceite no Salão de Paris de 1819, esta tela não se afasta das normas académicas e da técnica tradicional, tais como as grandes dimensões da obra, a importância dada ao desenho em detrimento da cor e o gosto pelo nu. No entanto, o dramatismo da composição, realçado pelos grandes contrastes de luz-sombra e o realismo daquelas figuras disformes, moribundas, eram completamente novos e anunciavam já os ideais da pintura romântica e realista.
Estas tendências irão manifestar-se de maneira ainda mais acentuada na sua fabulosa galeria de retratos de marginais e escravos negros ou no fascínio mórbido pelos doentes mentais recolhidos em hospitais psiquiátricos ("Retrato de Louca" - na imagem).



O artista deixou também numerosos desenhos, litografias e pinturas de cavalos e de cenas equestres, uma temática que herdou de Carle Vernet e que o apaixonou durante toda a vida.
Morreu em Paris, a 26 de Janeiro de 1824, com a saúde debilitada em consequência da queda de um cavalo. Deixou uma obra rica e variada, testemunhando o interesse pelo ser humano e introduziu na pintura o movimento, a cor e os temas realistas. Estes aspectos seriam retomados e desenvolvidos por Delacroix, seu herdeiro espiritual, e por uma nova escola: o Romantismo.

Alfredo Saldanha