quarta-feira, março 08, 2006



Mondrian, pintor holandês estreitamente ligado ao Neoplasticismo, nasceu na Holanda a 7 de Março de 1872. Educado na religião calvinista, aderiu às doutrinas esotéricas da Teosofia e, procurou criar uma arte pura, através do emprego de elementos básicos muito simples: quadrados ou rectângulos de cores primárias - amarelo, vermelho e azul - complementados com brancos, cinzentos ou negros, delimitados por linhas verticais e horizontais, que evocam as coordenadas fundamentais da experiência humana: o plano horizontal do solo e a linha vertical da posição erecta. Segundo os conceitos teosóficos, as verticais exprimem o princípio vital e masculino, representando os acontecimentos físicos e orgânicos, enquanto as horizontais são uma expressão do princípio passivo e feminino, e representando a tensão vida-morte.
Estas duas linhas opostas acabam por representar um equilíbrio de forças, gerador de um sentido de ordem e de triunfo da razão, na medida em que contribuem para a construção de um princípio puro: a "cruz", ou seja, o encontro perpendicular da vertical com a horizontal. A estabilidade entre a forma e a cor que se procurou atingir com esta solução, desemboca no princípio da harmonia universal. Pureza, equilíbrio e unidade são as três ideias, com evidentes raízes matemáticas e musicais, que dominam toda a obra de Mondrian. O seu abstraccionismo é uma pintura "filosófica" baseada numa interpretação da imagem como acontecimento simbólico e universal.
Fugindo da Guerra que devastava a Europa, emigrou em 1940 para os Estados Unidos e fixou-se em Nova Iorque, onde foi verdadeiramente idolatrado pelos jovens artistas americanos. A partir de 1942, os seus quadros sofreram uma importante evolução: abandonou os rectângulos coloridos e o negro das linhas verticais e horizontais e substituiu-os por uma espécie de entrançado rítmico formado por pequenos segmentos coloridos que fazem lembrar um tapete. Procurou, deste modo, introduzir nas suas composições os ritmos musicais.

Alfredo Saldanha