terça-feira, junho 13, 2006



"Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus".




Entre 13 de Junho de 1888 e 30 de Novembro de 1935 são esses os dias de Fernando António Nogueira Pessoa, um dos maiores poetas de língua portuguesa.
Aos cinco anos, perdeu o pai, vítima de tuberculose. Algum tempo depois sua mãe casou com o cônsul de Portugal em Durban. Por este motivo foi viver para aquela cidade da África do Sul onde passou o resto da infância e a maior parte da juventude.
O regresso a Portugal deu-se em 1905. No ano seguinte matriculou-se no curso superior de Letras da Universidade de Lisboa, curso que abandonou sem completar o primeiro ano. Passou a trabalhar como tradutor de correspondência comercial, dedicando os tempos livres à sua grande paixão: a literatura.
A obra literária de Pessoa passou por diferentes fases, mas envolve basicamente a procura de um certo patriotismo perdido, através de uma atitude sebastianista reinventada. Sente-se também, em certos momentos, a influência de doutrinas religiosas como a Teosofia e de sociedades secretas como a Maçonaria. A poesia resultante tem um certo ar mítico, heróico e por vezes trágico. A tentativa de olhar o mundo duma forma múltipla poderá explicar a criação dos célebres heterónimos: Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis e outros.

A sua obra mais conhecida é Mensagem, uma colectânea de poemas sobre os grandes personagens históricos portugueses, o único trabalho publicado em vida do autor (1934).
Morreu no dia 30 de Novembro de 1935, em consequência de uma cirrose hepática. Na comemoração do centenário do seu nascimento, em 1988, o seu corpo foi transladado para o Mosteiro dos Jerónimos, confirmando o reconhecimento que não teve em vida.

Alfredo Saldanha