quarta-feira, junho 07, 2006






A 8 Junho de 1867 nasceu Frank Lloyd Wright (1869-1959), um dos principais representantes do Organicismo ou Arquitectura Orgânica.
Esta tendência do modernismo arquitectónico, nascida nos anos 20 e 30 do séc. XX, caracterizou-se pela tentativa de conciliação entre a construção industrial e a originalidade e diversidade de cada projecto.
Discípulo de Sullivan, e influenciado pela simplicidade da arquitectura japonesa, que considerava "verdadeiramente orgânica", Wright dedicou-se, desde o início do seu trabalho, a tornar a casa um lugar acolhedor e a proporcionar ao espaço interior um novo sentido de maleabilidade e liberdade. Entre os seus trabalhos mais conhecidos ressaltam as "casas da pradaria", habitações unifamiliares que se estendem na horizontal para se fundirem com a natureza envolvente através dos terraços, alpendres e janelas em bandas contínuas. A mais famosa é, certamente, a casa Kaufmann ou Casa da Cascata, na Pensilvânia, já de finais dos anos 30, onde se torna evidente a harmonia orgânica entre a construção e o ambiente. O espaço interior é um só, centrado em torno da lareira, que passa a ser a parte fulcral da casa, discretamente decorado com móveis embutidos e moldável graças à existência de painéis móveis. Além disso, Wright procurou relacionar intimamente os ocupantes com o desfiladeiro, as árvores, a folhagem e as flores silvestres. Quanto aos materiais, misturou de forma harmoniosa o betão com a pedra da região. Adversário dos arranha-céus, fez a apologia das pequenas comunidades em que os habitantes pudessem estar em contacto com a natureza, com a terra, mas, se bem que esta visão orgânica tivesse sido difícil de levar à prática, o seu verdadeiro significado social chegou a toda a parte. Diversos núcleos residenciais começaram a levantar-se entre prados e bosques, tendendo para um urbanismo que procurou conjugar as vantagens do campo e da cidade.
Para os edifícios públicos, Wright escolheu uma estrutura "voltada para dentro": quase sem janelas para o exterior, o edifício abre-se para um espaço interior que lhe dá unidade. Além disso, e convencido de que a linha recta, o rectângulo e o cubo eram formas artificiais, contrárias à natureza, preferiu as formas derivadas do círculo, como os planos hexagonais e circulares, os
volumes cilíndricos, cónicos e helicoidais. Estas ideias seriam plenamente concretizadas no Museu Guggenheim situado na 5ª Avenida, em Nova Iorque, com a sua galeria circundando um espaço central. Caminhando pela longa rampa em espiral, os visitantes podem apreciar a magnífica colecção do museu, iluminada pela luz natural difundida através de uma cúpula envidraçada. Wright pretendeu a todo o custo evitar dois grandes inconvenientes comuns aos museus tradicionais: a compartimentação da exposição em salas distintas e a fadiga física provocada por um itinerário longo e complicado.

Alfredo Saldanha