quarta-feira, agosto 24, 2005






Há 2084 anos, no dia 24 de Agosto de 79 da nossa era, uma erupção do Vulcão Vesúvio transformou para sempre o destino de Pompeia e Herculano. As duas cidades italianas das margens do Mar Tirreno foram rapidamente atingidas por torrentes de lava e chuva de cinzas incandescentes que rolaram pela montanha. Todos os edifícios e habitantes foram soterrados sob metros de cinzas e pedras. Ficaram assim adormecidos durante centenas de anos. Esse longo sono só foi perturbado no séc. XVIII quando se iniciaram, na região, pesquisas arqueológicas. Foram então revelados notáveis exemplares arquitectónicos, pinturas, esculturas e artefactos diversos. Nas paredes das casas, belas pinturas representavam paisagens, cenas mitológicas e bucólicas, naturezas-mortas e temas relacionados com os cultos dionisíacos. Outro valioso achado foram os milhares de graffiti, a carvão. São mensagens que revelam convites sedutores, conselhos, declarações de amor ou ódio, inveja, etc. Mas contêm também caracteres linguísticos, fonte riquíssima para o estudo do latim popular. Ao atingirem as pessoas desprevenidas, as lavas do vulcão preservaram também cenas de grande realismo, facilitando o conhecimento de hábitos da vida da época. Todas estas descobertas causaram grande impacto no séc. XVIII, atraindo numerosos académicos e historiadores. Os seus estudos e as revelações do passado clássico de Pompeia e Herculano contribuíram de forma decisiva para o nascimento do Neoclassicismo, um movimento cultural e artístico que dominou o mundo ocidental nos finais do séc. XVIII e princípios de XIX.


Alfredo Saldanha