segunda-feira, maio 15, 2006



O pintor russo Kasimir Malevich (1878-1935) morreu a 15 de Maio de 1935.





Nascido em Kiev, tornou-se um dos mais importantes pioneiros da arte geométrica abstracta, tendo fundado, em 1913, o Suprematismo. Inspirado nas ideias do Futurismo e do Cubismo, este movimento artístico viria a exercer uma forte influência na pintura e na arquitectura, tendo sido grande a sua difusão na Alemanha, sobretudo na produção artística da Bauhaus.
Evoluindo do Cubismo para uma linguagem rigorosamente geométrica, o artista libertou-se das experiências sensoriais originadas pelos dados objectivos da realidade e criou uma pintura pura, baseada em princípios matemáticos, privilegiando formas abstractas e as figuras geométricas mais elementares como equivalentes visuais do mundo interior.
Em 1915, expôs um quadrado negro sobre uma superfície branca ("Quadrado Negro sobre Fundo Branco"), o qual resume as ideias básicas da produção suprematista, ou seja, de uma pintura que coloca em primeiro plano a autonomia da forma como projecto mental, em detrimento dos aspectos técnicos da obra. O elemento suprematista por excelência é o quadrado, mas o pintor russo utilizou também outras figuras geométricas: rectângulos, cruzes, triângulos e círculos, preenchidas com cores fortes e lisas, como o vermelho, laranja e azul, para além do branco e do preto.
Das suas concepções pictóricas, publicadas num conjunto de textos intitulado "Suprematismo", destaca-se a seguinte passagem: "Actualmente, o caminho do homem é através do espaço. O Suprematismo é o semáforo da cor no ilimitado. Abri a clarabóia azul dos limites da cor, penetrai no branco; navegai a meu lado camaradas pilotos neste espaço sem fim. O livre mar branco estende-se aos vossos pés... No vasto espaço do repouso cósmico atingi o mundo branco da ausência dos objectos, que é a manifestação do nada revelado... A experiência pura do mundo sem objecto, o homem devolvido à unidade original em comunhão com o todo, a arte libertada do peso dos objectos".
Completamente liberta da sujeição ao mundo da realidade, a pintura de Malevitch é "um acordo de ritmos que se concretizam no espaço da tela, tal como uma frase musical se realiza no tempo". Esta ideia da aproximação entre a arte e a música é comum a outros artistas da época como Kandinsky e PietMondrian.

Alfredo Saldanha